Midiatização, polarização e intolerância (entre ambientes, meios e circulações)

Midiatização das emoções coletivas 113 país naquele momento. O espetáculo daquela cerimônia visava em última instância prover ao povo o que ele mais necessitava naquele momento: esperança, alegria e fantasia. Os rituais da corte ajudam a gerar uma emoção coleti- va que contribui para a solidez dos laços afetivos. Eles unem os diferentes grupos que compõem a nação. Este resultado permite explicar por que ainda existem 43 países liderados por reis e ra- inhas (23,3% dos Estados independentes do mundo). A linguagem natural capturou este tipo de fantasia mo- nárquica. Metáforas como comer como um rei e vestir-se como uma rainha são usadas pelas pessoas nos seus diálogos do dia a dia. No Brasil existe um Rei do Futebol (Pelé), uma Rainha dos Baixinhos (Xuxa), um Rei da Música (Roberto Carlos) e muitas Rainhas do Samba , do Rádio e do Lar. Os desfiles de celebridades em festivais de arte e de cinema são feitos em red carpets que simulam as passarelas reais. E as sedes dos governos são cha- madas de Palácio. Na falta de reis e rainhas verdadeiros, a popu- lação do país e de vários outros Estados republicanos cultiva os astros do showbiz como se nobres fossem. Este apelo parece ser também o principal atrativo do colunismo social. Este Olimpo é espaço ambicionado por figuras que se exibem e se esforçam para conquistar o apreço do públi- co. Elas com frequência surgem, ressurgem e somem da visão e da estima das massas rapidamente. O fenômeno é denominado de mobilidade da fama , que no caso das monarquias é estável. A adoração coletiva é um dado de realidade da socie- dade do espetáculo. Monarcas e astros do showbiz , da política, dos negócios, das finanças, da cultura e do esporte são o tema preferencial do jornalismo de adoração , dos halls e calçadas da fama, dos museus de cera, dos monumentos públicos e também da peregrinação a lugares catárticos como são as tumbas dessas personalidades. Este resultado é fruto de um esforço premeditado e calculado. O primeiro e principal obstáculo da nova estrela é vencer a distração da audiência. O fato exige a produção qualifi - cada de si como bem simbólico disponível ao consumo massivo. Isso implica a capacidade da novidade oferecer uma gratificação emocional singular aos celebrantes. Dito de outra maneira, as emoções coletivas podem ser manejadas.

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