Midiatização, polarização e intolerância (entre ambientes, meios e circulações)

Jacques A. Wainberg 116 a de Heron Domingues. Ela marcou o imaginário brasileiro no período no qual O Repórter Esso se constituiu no principal canal informativo do país. É também o caso de Edward R. Murrow, que se notabilizou nos Estados Unidos por suas transmissões radio- fônicas no período da Segunda Guerra Mundial e depois na sua campanha televisiva contra o senador Joseph McCarthy. As breaking news de hoje também são narradas de for- ma dramática. Este estilo é melhor percebido quando se observa este tipo de chamada televisiva em língua que não se entende. Neste caso, o telespectador despreza o valor semântico do que está sendo comunicado e observa os efeitos paralinguísticos da locução. Exemplo disso é o anúncio feito da morte do ditador Kim Jong-il em 2011. A reação emocional da apresentadora da TV norte-coreana pode ser equiparada à de Walter Cronkite, que interrompeu emocionado a programação da CBS TV para noti- ciar o falecimento de John Kennedy, assassinado em Dallas em 1963. No Brasil, foi o que ocorreu também com o óbito de Tan- credo Neves em 1985. Tal expediente, o de se fazer chamadas num tom co- movente, é utilizado igualmente nas aberturas dos telejornais. O objetivo deste tipo de apresentação é acrescentar ao dito uma sonoridade que evoca na audiência a sensação de urgência. A trilha musical deste tipo de programa tem o mesmo objetivo. Ela desperta o público da dormência e afasta as pessoas da sonolênci A a. capacidade de o rádio provocar efeito similar de co- moção e pânico já foi demonstrada. Isso ocorreu nos casos do anúncio do suicídio de Getúlio Vargas em 1954, fato que deu origem a manifestações populares violentas no Brasil, e da dra- matização realizada por Orson Wells da obra Guerra dos Mundos em 1938, ocorrência que levou mais de 1 milhão de pessoas em pânico às ruas de Nova York. Os discursos de Winston Churchill são exemplo adicional de pronunciamento povoado por recur- sos prosódicos que emocionaram as audiências de seu tempo, em especial, a entonação, o ritmo, as pausas de sua fala e o tom cavernoso de sua voz. Decorre desses exemplos a evidência da diferença en- tre o tom apaziguador e o colérico. O que se espera da elocução de um Papa, por exemplo, é a serenidade e a calma. É bastan-

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