Midiatização, polarização e intolerância (entre ambientes, meios e circulações)

Ada C. Machado da Silveira 174 canônicos que, ademais, faculta o questionamento da competên- cia e legitimidade comunicacional . O cenário de crise define-se especialmente pela mobilização dos veículos jornalísticos quan- do afetados pela irradiação das mídias sociais, promotoras de práticas colaborativas e des-hierarquizadas (DEUZE; WITSCH- GE, 2013). Trata-se, portanto, de processos oriundos da franca adesão da mediação jornalística, concebida como sistema autor- regulado, à midiatização. 3. A crise comunicacional da mediação jornalística A crise pode ser tomada a partir da dispersão do po- der jornalístico de noticiar a realidade frente à emergência das mídias sociais. Proximidades, localismo, amadorismo, não pro- fissionalismo passaram a ser tomados como atrativos que de - sestimam o profissionalismo jornalístico. Paulatinamente, ativi - dades calcadas em alicerces frágeis passaram a ser incorporadas na cobertura jornalística, estruturando-se uma metacobertura incorporadora de atividades profissionais rigidamente regula - mentadas, amparadas em conteúdos de produção popular que legitimam através de conteúdos flagrados in loco e ofertados espontaneamente. As transformações na atividade de produção/circula- ção de notícias proporcionam articular a tradição instituciona- lista da midiatização (ocupada das mídias profissionais) para outra de caráter socialmente construído (ocupada das mídias sociais) (HEPP, 2014). Observando-se o consumo brasileiro de notícias, tem-se que o fenômeno de emergência de um novo gru- po social proporcionou uma guinada na visibilidade de parce- la significativa da população brasileira. A identidade social dos habitantes de espaços periféricos passou a ser exibida não por suas redes de apoio, reciprocidade e solidariedade, mas pela ca- pacidade de consumo da “nova classe média”. A presença da pe- riferia nas revistas semanais foi, assim, uma inovação noticiosa, ao buscarem expressar a incorporação de uma pauta social que estava provocando novas formas de convívio no Brasil. A inova- ção jornalística indicava que estava se provando o esgotamento da ordem da noticiabilidade, suas lógicas ocultas e suas lógicas

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