Midiatização, polarização e intolerância (entre ambientes, meios e circulações)

187 A imagem em circulação: estilhaçando o olhar e a memória Image in circulation: shattering of the gaze and memory Ana Paula da Rosa RESUMO: Este trabalho adota como ponto de partida que as imagens midiáticas carregam imagens anteriores, frutos de discursos e temporalidades outras, mas que se presentificam como sombras em nossas produções atuais. A partir desta consideração, este artigo se propõe a analisar duas dinâmicas de conflito, entendidas aqui como dinâmicas de midiatização, que são bastante distintas em termos de processualidades e lógicas, mas que envolvem elementos comuns: a) imagens mi- diáticas e imaginários; b) ampla circulação; c) atores sociais e instituições midiáticas e, por fim, d) lógicas de agenciamento da imagem em termos de controle/poder. Nosso olhar recai, exatamente, sobre as lógicas de agenciamento da imagem em termos de poder, ao considerar que nosso objeto empírico é constituído por dois acontecimentos apartados no tempo e no espaço, mas unidos pela presença da criança enquanto ví- tima, por formas de intolerância e por aspectos de incivilida- de evidenciados nos jogos interacionais, inclusive no direito à visibilidade. Como imagem a estilhaçar o olhar, convocamos a fotografia de Aylan Kurdi. Em analogia, tratamos da imagem “estilhaçamento da memória” trazendo à cena a fotografia do menino Marcos Vinicius, estudante carioca assassinado na fa- vela da Maré, em 2018. Entre a solidão dos moribundos (ELIAS, 2001), a vida que não merece viver (AGAMBEN, 2010) e a vida

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