Midiatização, polarização e intolerância (entre ambientes, meios e circulações)

Ana Paula da Rosa 196 Vinicius, talvez a imagem do jovem de 14 anos não venha tão facilmente à nossa mente. A imagem também foi amplamente reproduzida e ganhou repercussão internacional, contudo foi desaparecendo com o passar dos dias até o seu completo esmae- cimento, o que já nos dá pistas de outras processualidades em termos de circulação. Marcos Vinicius da Silva, 14 anos, morreu baleado no dia 20 de maio de 2018, no Complexo da Favela da Maré, durante uma operação policial. O estudante e um amigo estavam indo em direção à casa de Marcos Vinicius quando o jovem teria sido atingido por um tiro de um blindado. A cober- tura jornalística do caso se deu tão logo o acontecimento foi di- vulgado. Os portais e sites de notícias anunciaram não só o fato de o estudante ter sido baleado, mas em especial os protestos derivados da ação policial situada em um processo de interven- ção. No entanto, em termos de manchetes podemos tomar como exemplo a do portal G1: Figura 02 – Printscreen de Manchete do G1 de 26/06/2018 Fonte: Portal G1. Como visto acima, quando a instituição jornalística acopla a notícia da morte do estudante e os protestos na comu- nidade, o primeiro fato, isto é, a morte, passa a se tornar secun- dário em relação às manifestações populares. Isto se deve a duas razões: a primeira, porque, ao inserir na frase o conectivo “e”, a manchete diminui a ênfase da morte, tanto que os comentários

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