Midiatização, polarização e intolerância (entre ambientes, meios e circulações)

Bernard Miège 240 não têm recursos para pagar por um duplo equipa- mento) ou devido ao uso de aparelhos consertados; portanto, as práticas digitais não são comparáveis; os usos “complementares” não podem ser coloca- dos no mesmo plano dos usos únicos; • Se o consumo de produtos digitalizados ou por meio de técnicas digitais experimenta progressos, ainda assim ele é muito diferenciado social e cul- turalmente; inclusive nos países dominantes, onde são mantidas fortes e mesmo muito fortes desi- gualdades de acesso e uso, de modo que estamos na presença de informações-ricas e informações- -pobres, e até de categorias sociais, totalmente in- defesas diante da tecnologia digital. A dinâmica domercado, facilitada pela fragilidade e mesmo pela ausência de regulações públicas, con- duz de fato a uma diversidade de situações estrutu- ralmente diferenciadas onde a supressão dos atra- sos e das diferenças é uma perspectiva improvável e assemelha-se a uma corrida onde os concorren- tes não apenas não começam na mesma linha, mas sobretudo dispõem de recursos e condições distri- buídos de maneira muito desigual. Assim, o projeto de redução da suposta “fratura digital”, que está no cerne das estratégias das organizações internacio- nais, é um mito (impossível de concretizar) para aqueles que estão pouco ou mal equipados, ou com pouca ou nenhuma formação; • A conexão em redes sociais-digitais leva muitas ve- zes a resultados surpreendentes cuja interpretação não é automática. Assim, a conexão ao Facebook atinge taxas mais elevadas nas principais cidades da Tunísia do que as observadas nas cidades euro- peias do outro lado do Mediterrâneo. Para além do fato de que os dados divulgados vêm dos próprios divulgadores e necessitariam de verificação, é ve - rossímil que a comparação não volte o olhar para as mesmas práticas, com uma RSN “garantindo” aos usuários tunisianos acesso fácil e imediato a

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