Midiatização, polarização e intolerância (entre ambientes, meios e circulações)

Da midiatização à midiatização profunda 27 tar e selecionar em outras áreas da sociedade, fazendo com que a linguagem da(s) lógica(s) da mídia atue como uma metáfora e abreviatura para os vários modi operandi que caracterizam o funcionamento das mídias (HJARVARD, 2017, p. 11). Normal- mente, a lógica da mídia se conecta a conceitos analíticos mais específicos, como as formas de interação da mídia e suas regras organizacionais e como elas moldam a comunicação em outras instituições sociais, e como suas possibilidades tecnológicas moldam o uso da mídia. A influência da mídia não é conceituada como um efeito (mais ou menos direto), e os atores não midiáti- cos trazem consigo sua(s) própria(s) lógica(s) que, por sua vez, têm o potencial de trabalhar contra a(s) lógica(s) da mídia, re- sultando em inércia e resistência, apesar das transformações no ambiente midiático. Em contraste com isso, a tradição socioconstrutivis- ta enfatiza o papel que os meios desempenham na construção comunicativa da realidade social e cultural e explora, predomi- nantemente, a midiatização a partir da perspectiva dos atores cotidianos (KNOBLAUCH, 2013; KROTZ, 2014). Os pesquisado- res desta tradição questionam como nossas práticas culturais e sociais são alteradas quando estão emaranhadas com os meios. Aqui, podemos ver mais uma forma de teorizar a influência que a mídia pode ter, ou seja, considerá-la como ummeio de comuni- cação que molda nossas práticas por meio de processos de ins- titucionalização e materialização (COULDRY; HEPP, 2017, p. 32). A institucionalização pode ser explicada da seguinte forma: as práticas cotidianas, falar, trabalhar, brincar são, até certo ponto, estabilizadas em sua forma social pela presença (sempre cres- cente) da mídia em nossas vidas e é por meio dessa alteração da vida cotidiana que a mídia influencia nossa construção da socie- dade. Isso anda de mãos dadas com a materialização , o que sig- nifica que as próprias práticas sociais estão inscritas nas tecno- logias de mídia que usamos e nas infraestruturas que as alojam. O software Messenger , por exemplo, materializa uma certa ma- neira de falar por meio de sua interface de usuário baseada em software. Essas influências, entretanto, não andam em uma úni - ca direção, mas se movem ciclicamente. Dentro de cada domínio social existe uma orientação na prática cotidiana que pode ou não ser alterada pela mídia. Considere a família, por exemplo,

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