Midiatização, polarização e intolerância (entre ambientes, meios e circulações)

Entre meios: o lugar da midiatização 277 diferenças entre a identidade singular e a pluralidade do outro (MOUFFE, 1996, p. 13). Diferenças e diversidades colocam em estudo aproxi- mações e distâncias entre meios técnicos e midiatizações; desse modo, o interesse prioritário das midiatizações é de natureza mais epistemológica e geral do que descritiva e fenomenológica. Nessa diversidade, confrontam-se meios, informação e comunicação ou técnica, cultura e sociedade. Confundindo o plural media do substantivo latino medium , criou-se um neolo- gismo mídia quase dicionarizado, porque usado com clara dire- triz semântica que designa os meios, porém entendendo-os nos seus efeitos intencionais e pragmáticos. Nesse sentido, os meios se transformam em mídias, pois o que está em questão não é a singularidade tecnológica de cada meio ou grupo de meios, mas seu efeito cultural performático que atravessa as mediações e atinge, interativamente, as midiatizações. Trabalhando com os meios digitais e, sobretudo, com a internet, Dominique Wolton (2008, p. 149) distingue três níveis de análise: o internauta, o indivíduo e o cidadão que, em inter- face, se completam na internet, na conexão planetária e na rede. Esse processo de interface permite tornar evidente um eixo de análise que interessa a esse trabalho: [...] o mais difícil não é a informação, mas a comuni- cação. Ora, a Internet não passa de um sistema au- tomatizado de informação; de uma forma ou de ou- tra, são os homens e as coletividades que integram esses fluxos de informações em suas comunicações. A informação é sempre um segmento, e somente a comunicação, com suas prodigiosas ambiguidades, lhe faz emergir umsentido (WOLTON, 2008, p. 149). A citação parece enunciar que informação é simples- mente um conteúdo transmitido pela comunicação, daí a dife- rença e, sobretudo, a dificuldade que se estabelece na passagem da informação para a comunicação que, entendida como ambi- guid de prodigiosa , geraria sentido à informação. É necessário destacar a distância cognitiva e conceitual que se estabelece en- tre informação, entendida como um conteúdo transmitido tecni- camente, e a informação que, em processo entrópico, supõe sua

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