Midiatização, polarização e intolerância (entre ambientes, meios e circulações)

Lucrécia D’Alessio Ferrara 278 organização como elemento constitutivo de ambientes culturais. Considerar o ambiente midiático, que decorre da interface entre aquela organização e os agentes técnicos e humanos, é funda- mental para situar o território de uma ecologia das mídias onde se encontram informação e comunicação, sujeito e objeto, men- sagem e conteúdo, significado e produção de sentido. Sem dúvida, ocorre um extraordinário processo gera- dor de ambiguidades decorrentes da tradicional redução concei- tual que confunde informação e comunicação, ao mesmo tempo que procura se distanciar do grau de dificuldade para processar a passagem entre elas. Parece oportuno superar o conceito de informação como conteúdo transmitido ou simples dado quan- titativo para alcançar a relação de interface que se estabelece entre informação e comunicação que, imprevistas, podem não ser ambíguas, mas ambivalentes, visto que ambas atuam juntas e produzem aquela diferença midiática que faz a diferença en- tre transmissão e produção de sentido ao estabelecer vínculos comunicativos entre os homens, entre homens e técnicas, en- tre meios e fins. Teríamos alcançado a necessidade de entender como poderíamos definir midiatização? Se, por um lado, informar é dar uma forma à mente, por outro, compete à mente organizar, formular, comunicar, receber, propagar e manter aquele sentido que dá forma à mente atra- vés do modo específico e distinto da organização ambiental da informação. Ou seja, se os seres vivos se comunicam porque res- pondem a estímulos sensíveis desenvolvidos por necessidades vitais e necessários para que se adaptem às características do meio ambiente que mantém aquela subsistência, o homem tam- bém desenvolve análoga adaptação, entretanto, a ela acrescenta a capacidade de inventar, utilizar e transformar linguagens que se expandem e se especializam através da materialidade extensa de tecnologias, mídias, ciências e artes. É o neodualismo propos- to por Logan para corrigir o dualismo de Descartes, que enten- dia a materialidade extensa incapaz de produzir conhecimento (LOGAN, 2012, p. 12). Ou seja, através da dimensão ambiental que caracteriza todo conhecimento passível de gerar produção de sentido, envolvem-se informação, comunicação, tecnologias, ciências e artes:

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