Midiatização, polarização e intolerância (entre ambientes, meios e circulações)

Entre meios: o lugar da midiatização 279 A noção de informação, independente de seu sig- nificado e do contexto, é algo semelhante a olhar para uma figura isolada de seu fundo. Quando o fundo muda, muda também, o significado da figura (LOGAN, 2012, p. 35). Como se observa, Logan parte da Segunda Lei da Ter- modinâmica ou do território da Física para definir, considerando a forte influência de McLuhan sobre seus trabalhos, a operação reflexiva e ecológica desenvolvida por um receptor para atingir um conceito de informação de base estrutural como significado que é “dado pelo processo que o interpreta” (LOGAN, 2012, p. 40). Próximo ao conceito de Logan, mas partindo da considera- ção da matriz espacial da informação, Augustin Berque (2000, p. 99) fala em desdobramento ecumênico, material e imaterial de natureza ambiental que atinge todos os seres vivos em distintos graus de complexidade, mas que, para o homem, constitui sua midiatização. Ainsi s´est constitué notre corps médial. La struc- ture qui s´est de la sorte mise en place partage l´être de l´humain pour ainsi dire en deux moitiés, dont l´une est notre corps animal, l´autre notre corps médial. Cette division en deux moitiés qui étend notre être du foyer de notre corps animal jusqu´à l´horizon de notre monde, c´est le moment structurel de notre existence. C´est notre mé- diance (BERQUE, 2000, p. 127). 3 Nessa escalada de complexidade, encontra-se a ca- racterística interativa que caracteriza a atividade estrutural de produção de informação como traço distintivo ecológico entre as espécies vivas, na procura por um equilíbrio cada vez mais estável para a sobrevivência, embora, no caso do homem, essa procura esteja muito além da simples adaptação (LOGAN, 2012, 3 “Assim se constitui nosso corpo midiático. A estrutura que através dele se evi- dencia divide o corpo humano, por assim dizer, em duas metades, das quais uma é a parte animal do nosso corpo, a outra, nosso corpo social. Essa divisão em duas metades que se estende do interior do nosso corpo animal até o horizonte do nosso mundo é o momento estrutural de nossa existência, é nosso poder mi- diático” (BERQUE, 2000, p. 127).

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