Midiatização, polarização e intolerância (entre ambientes, meios e circulações)

Polarização como estrutura da intolerância (uma questão comunicacional) 299 A variação das características e da intensidade do fenô- meno da polarização, de posições e atitudes, se manifesta por di- versos ângulos. Há graus diversos na ferocidade possível, podendo chegar à violência física entre pessoas, ou situação de guerra entre países. Mesmo fora destes extremos, os riscos interacionais dete- rioram a sociedade e provocam danos. Há variação, também, de modos expressivos. Atitudes e comportamentos que costumam ser associados a situações de pola- rização – intolerância, incivilidade, antagonismo, má-fé argumenta- tiva, fake news , hostilizações, discursos de ódio, proposições exclu- dentes – são ao mesmo tempo sintomas e reiteração do processo. O tema da intolerância na polarização aparenta ser uma questão sociológica ou política, entre outras ciências humanas e sociais. Vamos tratar o tema, entretanto, como uma questão comu- nicacional, perspectiva legítima para sua abordagem, na medida em que pode fornecer contribuições específicas para uma com - preensão abrangente. O objetivo de uma perspectiva comunicacional, para to- das as questões sociais, é o de perceber os aspectos especifica - mente de comunicação nessa diversidade de situações, ampliando sua compreensão e viabilizando um enfoque praxiológico. Os comportamentos referidos ocorrem facilmente como parte de processos comunicacionais, em todos os sistemas de in- teração social. São expressões sociais de conflito, de passionalida - de, de emoções exacerbadas no próprio processo da comunicação entre pessoas, sempre que suas diferenças sobressaem, e por todo o tempo em que não encontrem ou não busquem possibilidades de entendimento minimamente produtivo para os objetivos da tensão. Por outro lado, a ênfase no ângulo da emocionalidade pode restringir a atenção à superfície comportamental, como se bastasse um esforço voluntário dos participantes para um esfria- mento de ânimos, uma atitude de sensatez. Isso tende a banalizar a questão, reduzindo a preocupação a um cuidado apenas com a intensida A d c e r . editamos que a situação do país – embora se demar- que, efetivamente, pela intensidade e abrangência do fenômeno – pede uma análise mais substancial que a de apontar o conflito e a emocionalidade.

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