Midiatização, polarização e intolerância (entre ambientes, meios e circulações)

Andreas Hepp 30 tização, em que todos os elementos de nosso mundo social estão intrinsecamente relacionados às mídias e suas infraestruturas abrangentes (COULDRY; HEPP; 2013, p. 7-34). Pesquisar a mi- diatização profunda apresenta um desafio para a pesquisa sobre midiatização, pois deve incorporar a análise de algoritmos e in- fraestrutura digital na forma como aborda seus objetos de aná- lise. A investigação de algoritmos torna-se necessária porque, em um estado de midiatização profunda, facetas da construção mediada do mundo social ocorrem através de análises automa- tizadas de dados (GILLESPIE; 2014). A classificação em determi - nados grupos de interesse ao efetuar compras online e recomen- dações pessoais baseadas nesta tecnologia são possibilitadas e automatizadas através do uso de sistemas algorítmicos, assim como sugestões de novos amigos ou usuários para seguir em plataformas online. Mais atenção deve ser dada às infraestrutu- ras digitais que sustentam as mídias contemporâneas (MOSCO, 2017). Como a conectividade atual que estamos experimentan- do aumentará, isso só pode ser abordado em uma perspectiva transmidiática e global. Compreender a midiatização como um conceito que nos sensibiliza para a mudança da mídia significa que devemos repensar a relevância de caminhos específicos de pesquisa uma vez mais e nos força a integrar conceitos analíti- cos mais detalhados ao campo. 4. A construção da midiatização profunda Como minhas afirmações anteriores, neste artigo, dei - xaram claro, a midiatização não é um processo “natural”, mas uma forma de transformação social “feita” por seres humanos: ao “fazer” das mídias digitais e suas infraestruturas a base de cada vez mais processos sociais, considerando os meios digitais e as suas infraestruturas como o instrumento central para “re- solver” os problemas da sociedade, promove-se o processo de midiatização profunda em todas as suas dinâmicas. Com base em suas tradições institucionalistas e socioconstrutivistas, pes- quisas anteriores sobre midiatização se interessaram, sobretu- do, por dois tipos de atores quando discutiram tais questões do “fazer” ou da “feitura”. Estes foram, por um lado, os diferentes

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