Midiatização, polarização e intolerância (entre ambientes, meios e circulações)

Hipóteses sobre polarização, midiatização e algoritmos 321 Mas se o algoritmo tem essa positividade na construção da cultura, por que estamos perplexos com a sua existência? A hi- pótese que desenvolvemos é de que a perplexidade, na área da co- municação, manifesta-se quando os algoritmos passama agenciar os meios de interação, de conteúdo e programação em redes. Mas, no caso, não se trata mais dos algoritmos da cultura, artesanais ou manufaturados, mas sim daqueles materializados em meios apropriados pelo capital – num percurso que passa pela manu- fatura avançada e a indústria enquanto apropriações do trabalho em geral (até a robótica) e chega, com a inteligência artificial e sistemas especialistas, à apropriação do conhecimento do saber técnico-científico moderno. A irritação do campo da comunicação vem à tona, enquanto tomada de consciência do longo e essencial processo de alienação, com as configurações sugeridas pelos no - vos meios, que retroagem sobre todos os processos anteriores de apropriação por formatos capitalistas. Assim, a midiatização, um processo universal, se particulariza enquanto relações de poder (econômico, político e cultural) derivadas das apropriações. 2.1. Além da matemática, o silogismo Alguns documentos disponíveis em rede informam que o sintagma algoritmo vem do nome Abu Abdalá Maomé ibne Muça ibne Alcuarismi, um iraniano, sábio de Bagdá, matemá- tico e frequentador da Casa da Sabedoria. O algoritmo, em sua proposta, refere-se a regras que regulam os procedimentos para realizar uma operação matemática. Está menos vulgarizado que Ada Lovelace desenvol- ve o discurso fundador. Amiga de Babagge, teria inferido que a máquina desenvolvida por este poderia ser ‘aplicada’ inclusive à partitura musical. Foi objeto de polêmicas que passam inclusive pela posição de gênero de Ada, sendo caracterizada por alguns informaticistas como louca, por outros, como discriminada. Ela não recebe todos os créditos do campo da informática. Muitos preferem creditar o conceito a Turing por sua sugestão feita um século depois. Não nos posicionamos sobre isso, mas queremos, apenas, mostrar que também na área da informática há embates epistemológicos, incluindo a abordagem sobre a genealogia da área (ESSINGER, 2005).

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