Midiatização, polarização e intolerância (entre ambientes, meios e circulações)

Jairo G. Ferreira 324 elas matemáticas ou simbólicas. Nesse último caso, manifesta-se na relação entre regra, caso e resultado (portanto, um silogismo). Exemplo de “regras” variáveis (HARMON; KING, 1988, p. 49): Se a tatuagem for de um peixe e as escamas do pei- xe forem cor-de-rosa [...] Então, a origem da tatua- gem é da China [...] Se a tatuagem for de uma cobra e a cor das escamas da cobra for azul [...] Então, a origem da tatuagem será Hong Kong [...] Se a ta- tuagem for de um dragão e a cor das escamas do dragão for vermelha [...] Então, a origem da tatua- gem será Beijing. Esse sistema de “regras variáveis” apresentado pelos autores é tipicamente um silogismo dedutivo, conforme a pers- pectiva de Peirce. Mas a questão não se encerra aí. Na página 61, apresentam “uma tabela de verdade” (vulgarizada nas tabelas de matemática simbólica), o que pode ser traduzido de forma menos pretensiosa utilizando a formulação de Piaget (trata-se de uma combinatória de proposições, que tende a aumentar a complexidade conforme o número de silogismos envolvidos). Os exemplos apresentados pelos autores: ida ao teatro (um proble- ma relativamente simples) até problemas mais complexos, nos quais são identificadas seis centenas de regras (como o sistema de diagnóstico médico da época, o Mycin, criado na Universida- de de Stanford – nunca usado comercialmente em decorrência dos embates éticos no campo médico). Temos, nas referências acima, expressões do argumen- to dedutivo. Porém, pode-se questionar o alcance da validade da combinatória de proposições. Pode-se, por exemplo, perguntar se algoritmos classificados como genéticos ou de flocking , con- forme Kishimoto (2004), são também silogísticos. Há indícios, nos documentos, de que sim, como evidencia essa sequência: Se há um osso por perto e o cachorro está com fome, ele irá comê-lo; Se o cachorro está com fome, mas não há nenhum osso por perto, ele procura por um; Se o cachorro não está com fome, mas está com sono, ele irá dormir; Se o cachorro não está com fome e não está com sono, o cachorro irá an- dar e latir (KISHIMOTO, 2004, p. 6).

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