Midiatização, polarização e intolerância (entre ambientes, meios e circulações)

Jairo G. Ferreira 330 terpretante nas interlocuções, analisadas enquanto constituição simbólica nas interações entre um emissor (E) e um receptor (R): um interpretante (que, em nossa formulação, pode consoli- dar posições de uma instituição ou ator, individual ou coletivo) aciona uma representação icônica; um interpretante (institui- ção ou ator, individual ou coletivo) aciona uma representação indexicálica; um interpretante (instituição ou ator, individual ou coletivo) aciona uma representação simbólica. São três opera- ções semióticas nas interações midiáticas. Os esquemas indicam processos. Nem sempre haverá consolidação simbólica, pois os repertórios dos interagentes são diferenciados, ou seja, o con- texto semiótico dos interlocutores, em situação de emissores, receptores ou interagentes, é diferenciado, o que propiciará di- versos graus de inferências sobre as operações realizadas pelos produtores ou interagentes. A defasagem significa: a semiose enfrenta-se, quando dos usos e tentativas de apropriação dos meios, com uma pa- rafernália de objetos (tecnologias, técnicas, língua, linguagem, discursos, pessoas, interações, etc.). Ou seja, uma das caracte- rísticas dos novos meios é a proliferação de meios e objetos des- conhecidos, o que favorece o acionamento de uma semiose num processo disruptivo, em processos não lineares. A semiose , nessa perspectiva, é um processo disruptivo que coloca em xeque as interações discursivas histórica e social- mente estabilizadas enquanto práticas ( habitus ). Porém, nas redes digitais, esse reconhecimento está borrado pela entrada dos atores individuais na cena, que, assim, passam a se inscrever em circuitos nos quais protagonizam e antagonizam, acionando novos ambientes e processos de circu- lação. A desinsitucionalização, derivada da disrupção semiótica, pode ser assim situada como outro grande processo de transfor- mação da pólis . Os pós-modernos situaram isso como uma pro- blemática da cultura. Nós situamos como inerente aos processos de midiatização. Discordamos, entretanto, que a fragmentação decorrente da disrupção seja o único processo possível. A dis- rupção se refere a um processo em que os sistemas em interação estão em crise: indicando a falência dos processos de regulação ou a dificuldade de encontrar (por abduções individuais e cole - tivas) novas soluções.

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