Midiatização, polarização e intolerância (entre ambientes, meios e circulações)

Hipóteses sobre polarização, midiatização e algoritmos 335 nanceira, em sistemas integrados mundialmente. O conflito nes - ses mercados é forte (desde os pequenos até os globais – por exemplo, agora sobre acesso ao sistema 5G), as polarizações ocorrem, inclusive entre os “tubarões” e os “sardinhas” 7 . Porém, o sistema (chamado de financeiro), por suas regulações, lógicas e potenciais inferenciais, sobrevive. Não se sabe até quando 8 . Esta é uma paisagem do mercado financeiro, que faz a gestão de todos os mercados do capitalismo. Está claro que não é a mesma realidade dos mercados culturais e políticos. Para diferenciar esses mercados, uma questão é saber se o antagonismo, base da polarização, é uma derivação lógica em si. A nossa hipótese é de que a polarização tem como deriva- da não a lógica em si, mas naquilo que essa agrega à dimensão dos valores (psicológicos, antropológicos, sociológicos). Essa é a ordem das mediações culturais, econômicas e políticas. Se fosse apenas lógica, a resolução argumentativa resolveria a crise dos sistemas. Entretanto, os mercados culturais e políticos, por suas complexidades maiores, não se reduzem às possibilidades de objetivação dos mercados financeiros. Os valores desses mer - cados são de difícil intercambialidade. Nos culturais, a “regra maior” não é a valorização econômica. Embora essa possa agen- ciar também as interações e objetos transacionados nesses mer- cados, preferimos a hipótese de que, aí, o valor maior é a dádiva; nos mercados políticos, mesmo com os atravessamentos com os mercados econômicos, a regra maior é a construção das normas e mediações entre todos os mercados, internos e externos. Aqui se coloca a crítica de Bourdieu: parte desses mercados são su- bordinados aos sistemas do mercado econômico (BOURDIEU, 2016). Por outro lado, mesmo que não constituam um sistema de conjunto, é possível identificar vários subsistemas operantes. Sugerimos, no âmbito dessa hipótese, que, mesmo com regras diferenciadas entre os mercados, a questão atual, obje- to de várias investigações no campo da comunicação, é: como 7 Fonte: https://economia.estadao.com.br/noticias/geral, a-revolta-das-sardi nhas,70 003600862 8 Nossa h ipótese, apresentada em outro artigo, é que a mate rialização dos algo- ritmos é a base do capitalismo. Na história da espécie, a permanente materiali- zação refaz o jogo. Ver: FERREIRA, 2020.

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