Midiatização, polarização e intolerância (entre ambientes, meios e circulações)

Jairo G. Ferreira 336 as mediações algorítmicas agenciam as interações? Se conside- rarmos as características dos mercados econômicos e culturais, a mediação algorítmica nesses mercados não é suficiente para atenuar as polarizações, pois os valores não intercambiáveis se acentuam, pela própria reconfiguração dos tempos e espaços das novas conexões. Questiona-se, então: que regras são essas nos mercados da cultura (ao modo da questão de Bourdieu, quando aborda as regras do campo literário e da arte)? Que sis- tema está sendo configurado? O mesmo se pergunta sobre os mercados políticos: que mercado é esse que emerge das intera- ções indexadas, em rede, agenciadas por algoritmos materiais? Ou seja, as lógicas ainda estão em construção e não são suficientes, em seus silogismos e abduções, para superar situa - ções em que polos em interação ultrapassem os antagonismos que levam ao conflito acirrado, incluindo a morte de um ou mais dos sistemas anteriores envolvidos, integrado em sistemas ten- tativos ampliados. Num e noutro mercado, a “lei” parece ser de que sem- pre que indivíduos, atores e instituições tentam impor uma ou sua lógica, nas interações, ou há dominação, ou há antagonismo, e esse pode resultar em polarizações. A abdução é requisitada para a constituição de um novo sistema de referência às intera- ções. E a arte do fazer é a sua forma maior na cultura. Referências BRETON, P. A história da informática . Campinas: Unesp, 1991. BOURDIEU, P. La distinción: criterio y bases sociales del gusto. Madrid: Taurus, 2016. COSTA, A. C. R. Para uma revisão epistemológica da inteligência artificial. RP, Porto Alegre: UFRGS – CPGCC, n. 54, p. 22, 1986. ESSINGER, J. El algoritmo de Ada . Barcelona: Editorial Abal, 2005. FERREIRA, J. Meios, dispositivos e médium: genealogia e pros- pecções na perspectiva da midiatização. In: FERREIRA, J.; ROSA, A. P.; BRAGA, J. L.; FAUSTO NETO, A.; GOMES, P.

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