Midiatização, polarização e intolerância (entre ambientes, meios e circulações)

Luís Mauro Sá Martino 46 constante das práticas sociais com as mediações proporciona- das pelos dispositivos técnicos. “Si comunicar es compartir la significación” , diz Martín-Barbero (2003, p. 79), “la educación seria entonces el decisivo lugar de su entrecruce”. 4. Midiatização e articulação dos saberes O conceito de midiatização vem sendo trabalhado por diversas autoras e autores que procuram situar a ligação entre mídias e práticas sociais, na medida em que não é possível se- parar um do outro, como indicam, entre outros, Sodré (2004), Gomes, Ferreira, Braga e Fausto Neto (2008), Hjarvard (2008), Couldry (2008), Livingstone (2009), Rosa (2009), Hepp (2014) Gomes (2018) ou Martino (2019a; 2019b). Não se trata de pensar a partir de uma dicotomia entre “mídia” e “sociedade”, mas compreender as práticas sociais em sua articulação com o ambiente das mídias – a noção de “ambiente”, aqui, deriva de Meyrowitz (1993; 1995; 2000). Como um ponto de partida, recuperando um argumen- to anterior (Martino, 2019), a midiatização pode ser entendida como a articulação entre o ambiente midiático e práticas sociais. De um lado, práticas sociais, constituídas pelas interações entre pessoas e grupos em um contexto, são elaboradas como ação e como discurso. De outro, o ambiente da mídia se apresenta ao mesmo tempo como o dispositivo tecnológico (um smartphone , por exemplo), linguagem (plataformas diferentes implicam có- digos semióticos diversos) e um sistema institucional de produ- ção. A ideia de “articulação”, trazida de Hall (1996), indica que a relação entre esses dois aspectos não é de causa e efeito, mas uma dinâmica constante. O estudo da midiatização se concentra na articulação en- tre os dois elementos. O objeto de estudo não é a mídia em si, ou as práticas sociais – no caso, educacionais –, mas o que emerge da articulação entre elas. Trata-se de algo diferente dos elemen- tos anteriores: midiatizada, a educação pode assumir outras for- mas, diferentes da tradicional; o ambiente midiático é revestido de outros circuitos, como diz Fausto Neto (2006), a “circulação de sentidos”, quando articulada com a prática educacional.

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