Midiatização, polarização e intolerância (entre ambientes, meios e circulações)

Midiatização, interações e práticas educacionais: um esboço a partir da sala de aula 49 assim como há aulas montadas em suportes digitais de qualidade questionável – e vice-versa. Não são os dispositivos, ao que tudo indica, os responsáveis pelo sucesso de uma aula – como sugere Aristóteles, os modos de aprendizagem variam consideravelmen- te, demandando uma dinâmica de transformação, crítica e auto- crítica, constante para se pensar o ambiente. Maria Paula Pierella (2014, p. 160 e ss.) destaca a necessidade de pensar a aula como uma “experiência estética” e vinculatória, na qual a preocupação com os sujeitos, os estudantes, não se limita nem se distancia de- mais do “objeto” de um curso ou uma disciplina. Existe uma distinção entre o “ambiente midiático” e a in- clusão indiscriminada de dispositivos digitais no ambiente das salas de aula – ou, menos ainda, a perspectiva compulsória de sua utilização como um pharmakón a resolver problemas edu- cacionais que têm profundas raízes sociais, culturais e econômi- cas. Nesse ponto, talvez a questão, como se sugere aqui, não seja a pertinência ou não do uso de dispositivos digitais em sala de aula, mas de se repensar o modelo de “aula” e “sala de aula” para pessoas formadas em um ambiente digital, acostumadas com suas linguagens. Onians (2008), por exemplo, menciona como os próprios processos cognitivos são alterados na interação com práticas e linguagens. O cérebro, argumenta, em sua neuroplas- ticidade, é permeável às práticas e estéticas da percepção. Como lembra Ana Paula Rosa (2009, p. 3), “a sociedade mediatizada surge quando os meios passam a ser não meramen- te uma forma de intermediação, de ligação entre o vivido (real) e o representado, mas, sim, quando os meios passam a se tornar um agente comunicativo que gera e cria ações que repercutem na vida do cidadão”. Evidentemente, como lembra Flusser (1966), não se trata de adaptar conteúdos para as linguagensmidiáticas, mas recordar que a aprendizagem passa por essas linguagens. E isso pode ser, prossegue, um desafio ou um ponto de partida para a reelabora - ção de perspectivas educacionais – algo sempre contemporâneo. Referências ANSELMINO, Natalia R. Discurso y mediatización: para un aná- lisis no-intencional de las estrategias discursivas. In:

RkJQdWJsaXNoZXIy MjEzNzYz