Midiatização, polarização e intolerância (entre ambientes, meios e circulações)

Midiatização e virtualidade nas ciências humanas: uma encruzilhada anunciada 61 do atual sistema produtivo em que as organizações se pautam por procedimentos operacionais que aperfeiçoem a si mesmos como agentes econômicos do capital. 4. Sobre o tempo real, viés da circulação No caso do tempo real comomodo de atribuição de valor a seus diferentes mecanismos de inteligibilidade, as organizações ampliam, em níveis nunca antes imaginados, a distância-velocida- de como “grandeza primitiva aquémde todamedida tanto de tem- po como de lugar” (VIRILIO, 2014, p. 14). Segundo Virilio (1997), ainda que não seja exclusiva da modernidade, a nova grandeza torna-se uma espécie de métrica universal, tão importante para a política quanto a acumulaçãomaterial para o próprio capitalismo. Na realidade, como objeto de investimentos diversos em torno de sua permanente otimização, o tempo parece ter estado sempre na condição de um dos principais substratos de valor, no conjun- to dos sistemas econômicos. Todavia, hoje, em meio à cultura das interfaces, sua atualidade histórica parece estar dada na própria ausência de duração como pressuposto do funcionamento social. Nesse caso, as dimensões que envolvem o tempo presente não resultam apenas da aceleração da velocidade, mas também, e so- bretudo, do futuro como umdos mais importantes dispositivos de poder (AGAMBEN, 2017). Frente ao advento do big data , é nossa abertura ao indeterminado que já não se assemelha a nenhuma outra. Diante da economia libidinal dos dados (HAN, 2015), pas- samos à figura histórica do risco como mediação histórica de um real reduzido à noção de intimidação (BADIOU, 2017). Como afir - ma Vaz (1999, p. 12), pelo cálculo do futuro , acompanhamos “a invasao do cotidiano pela ciencia e pela tecnologia, a articulaço nova entre midia e ciencia, e a midia legitimando-se por ocupar o lugar daquele que na sociedade adverte da existencia dos riscos e propoe os meios de contorna-los”. Em termos epistemológicos, portanto, passamos a saberes que têm na gestão do tempo pre- sente sua principal alienação. Trata-se de operações epistemoló- gicas que se dedicam a uma severa modulação das empirias des- vairadas de um real finalmente contábil, de onde emerge a articu - lação mais explícita entre o fenômeno da midiatização e o tipo de

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