Midiatização, polarização e intolerância (entre ambientes, meios e circulações)

Midiatização e virtualidade nas ciências humanas: uma encruzilhada anunciada 67 cípios de livre sujeição. Na realidade, em ambos, teríamos a ges- tão do comportamento na base de novas e refinadas formas de violência, em que a atividade reflexiva, colada irrefletidamente a lógicas de guerra, engendra voluntariamente a autorreprodução do próprio capital. 6. A questão da virtualidade do tempo nas humanidades Da perspectiva epistemológica, entre os efeitos da ex- periência de conhecimento reduzida à noção de imagem e de tempo como disponibilidade, teríamos seu fechamento ao prin- cípio de exterioridade do próprio tempo, o qual, necessariamen- te atópico, teria alimentado diversos projetos emancipatórios. Orientada pela velocidade no cômputo geral das ocorrências, uma ampla gama de saberes permaneceria hoje “desprovida da negatividade da atopia” (HAN, 2014b, p. 54) do próprio tempo. Ou seja, viveríamos da dificuldade de reconhecer a presença de um vir a ser sem lugar, força ascensional (ibid., 2014b), crava- do na imanência do tempo. Diferentemente de uma inteligibi- lidade imaginativa de base ética e política, bem como fundada em situações históricas efetivas, passaríamos ao ideal de saber fundado na “positividade de um estado de coisas”, em que tan- to a recuperação do passado quanto a acessibilidade do futuro passam a ser realizadas de modo indiferente à vivência do tem- po presente (HAN, 2015, p. 76). Tal questionamento parece se justificar se lembrarmos que, ao menos como herança moderna, o presente fora um tipo de virtualidade decisiva para a produ- ção epistemológica, especialmente em sua vinculação com dife- rentes conquistas sociais, entre elas a própria democracia. Aqui, cabe lembrar Habermas (2015), para quem o tempo presente é a base de um conjunto de saberes que dá origem à nossa atual experiência de esfera pública política. Segundo o autor, a mo- dernidade caracteriza-se como contexto que já não recebe “[...] critérios orientadores dos modelos oriundos de outras épocas” (ibid., p. 210). De outra maneira, “[...] [Ela] se vê exclusivamente posta sobre si mesma [...] [ou seja] tem de extrair de si mesma sua normatividade” (ibid., p. 210). Como resultado, o período

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