Midiatização, polarização e intolerância (entre ambientes, meios e circulações)

Pedro Gilberto Gomes 80 A noção de conceitos transversais nasceu fora do uni- verso da comunicação e, consequentemente, da midiatização. Sua origem encontra-se no âmbito da educação, onde se postula uma pedagogia que procura dar conta da complexidade a partir de temas que são tratados na transversalidade do currículo. Para alguns autores, a ideia de rizoma, teia ou redes neurais pode ser a forma mais adequada para a compreensão dos princípios de transversalidade. A característica da rede é estar em constante construção, onde os nós e as concepções são heterogêneos e sig- nificam uma multiplicidade de possibilidades de interligações. Cada nó pode ser composto por toda uma rede, aberta ao exte- rior, à soma e a conexões de outras redes. A rede não tem centro ou pode ter vários centros que agregam a si pequenas ramifica - ções, inexistindo hierarquia entre os pontos e caminhos. O campo da educação, onde surgiu e se disseminou o conceito de transversalidade, o entende como uma forma de or- ganizar o trabalho didático no qual alguns temas são integrados nas áreas convencionais de forma a estarem presentes em todas. No contexto da educação, é necessário redefinir o que se enten - de por aprendizagem e repensar também os conteúdos que se ensinam aos alunos. A partir da elaboração da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), de 1996, foram definidos Parâmetros Curricula - res Nacionais (PCNs) que, por sua vez, orientam para a aplicação da transversalidade. No âmbito dos PCNs, a transversalidade diz respeito à possibilidade de se estabelecer, na prática educativa, uma relação entre aprender conhecimentos teoricamente siste- matizados (aprender sobre a realidade) e as questões da vida real e de sua transformação (aprender na realidade e da realidade) 4 . Não se trata de trabalhá-los paralelamente, mas de trazer para os conteúdos e para a metodologia da área a perspectiva dos temas. 2. Transversalidade e midiatização A transversalidade difere da interdisciplinaridade por- que, apesar de ambas rejeitarem a concepção de conhecimen- 4 Hoje se fala em aprender a aprender , apre d r a desaprender e aprender a reaprender.

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