Midiatização, polarização e intolerância (entre ambientes, meios e circulações)

Pedro Gilberto Gomes 82 Quando o conceito de circulação 6 é trazido para a re- flexão e ligado à questão da midiatização, está-se diante de uma posição que advoga uma visão distinta e mais profunda do que seja a circulação. Fausto Neto não coloca a circulação à maneira do senso comum, ou seja, como as mensagens circulam na socie- dade, na relação emissor/receptor. Ao relacionar o conceito de circulação com o conceito de midiatização, ele está dizendo que neste processo de circula- ção na sociedade, da questão das mensagens das inter-relações, deve-se ir além do senso comum, ir além da superficialidade do conceito. Nesse processo de circulação, tanto o emissor quanto o receptor, também a sociedade na qual estes meios atuam, so- frem transformações e são modificados no circuito. Fausto Neto, baseado nas posições de Eliseo Verón 7 , afirma que se deve ir além daquilo que aparece; ir além do fe - nômeno objetivo de uma circulação de mensagem, vendo essa circulação enquanto construtora de uma nova sociedade e como edificadora de uma nova ambiência. As pessoas e a sociedade são modificadas pelo processo de circulação que acontece a par- tir das tecnologias que estamos utilizando. O emissor, o receptor, a sociedade e os meios não são simplesmente coisas materiais onde um locutor transmite ao ouvinte, um locutor que tem um meio, uma mensagem, um lo- cutor que sofistica os seus instrumentos, e um receptor que tem que decodificar a mensagem que recebe. Ninguém participa im - punemente desse processo. Antônio Fausto Neto desenvolve commais rigor um tra- balho que leva em conta o conceito de circulação. Um dos artigos, entre tantos, onde Fausto Neto explicita o seu pensamento foi pu- blicado numa obra coletiva da Linha de Pesquisa Midiatização e Processos Sociais, do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação da Universidade do Vale do Rio dos Sinos 8 . Para ele, 6 Um conceito caro a Antônio Fausto Neto, professor e pesquisador vinculado à Linha de Pesquisa Midiatização e Processos Sociais do PPG em Comunicação da Universidade do Rio dos Sinos (Unisinos), em São Leopoldo, RS, Brasil. 7 Pesquisador argentino, considerado o primeiro no continente a falar em mi- diatização. Semiólogo, trabalhou na França, com fecunda produção intelectual. Publicou, entre outros, Semiosis Social I e Semiosis Social II. 8 FAUSTO NETO, Antônio. Como as linguagens afetam e são afetadas na circula- ção? In: BRAGA, José Luiz; FERREIRA, Jairo; FAUSTO NETO, Antônio; GOMES,

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