Midiatização, polarização e intolerância (entre ambientes, meios e circulações)

André Lemos 92 2004; TARDE, 2007), semiologia material (FOUCAULT, 2000) e realismo (WHITEHEAD, 1978). A partir de sínteses realizadas por alguns autores (BEN- NETT; JOYCE, 2010; BENNETT, 2010; MILLER, 2005; FOX; ALL- DRED; 2017; THRIFT, 2005; GAMBLE; HANAN; NAIL, 2019), po- demos dizer que as teorias neomaterialistas partem de quatro perspectivas centrais: materialismo, pragmatismo, não antro- pocentrismo e associativismo. Por materialismo entende-se que todo fenômeno se desenvolve em redes, produzindo efeitos ou afetações materiais. A visão não essencialista/pragmática susten- ta que o objeto (humanos e não humanos) é o que ele faz e não pode ser definido por substância, ou categorias a priori. A posição não antropocêntrica defende que a agência está distribuída na rede/agenciamento e que o controle e a fonte da ação não são pri- vilégios do ator humano. Tudo se dá em uma associação localiza- da ou conectada localmente. A abordagem associativa/local afir - ma que tudo se dá em uma rede plana, sendo que as análises das controvérsias não devem partir de explicações ad hoc . Valorizam- -se processos materiais e os fluxos de agências em experiências nas quais as questões sociais são sempre resultado de coletivos humanos e não humanos 5 . Parte-se de uma ontologia plana, bus- cando sempre escapar, a priori , de análises estruturais (GIDDENS, 1999) ou interacionistas (GOFFMAN, 1975). A chave para o entendimento desses quatro princípios está nos conceitos de empirismo radical (HUME, 2003; JAMES, 1912), mediação (LATOUR, 2005; CALLON, 2006; LAW, 1992), dispositivo (FOUCAULT, 2000), situação sintética (KNORR-CE- TINA, 2013), agenciamento (DELEUZE; GUATTARI, 1995; DE LANDA, 2006) e realismo agencial (BARAD, 2007). Para agrupar esses termos sob uma única denominação, vou adotar o termo mediação radical , proposto por Richard Grusin a partir da ideia de radical empiricism de W. James. Como explica o autor: Argumento que, embora a mídia e as tecnologias da mídia tenham operado e continuem operando epistemologicamente como modos de produção de conhecimento, elas também funcionam técni- ca, corporal e materialmente para gerar e modu- 5 Para uma crítica da perspectiva neomaterialista ver Rekret (2018).

RkJQdWJsaXNoZXIy MjEzNzYz