Plataformas, algoritmos e IA: questões e hipóteses na perspectiva da midiatização

Isabel Löfgren 100 durante a ditadura, o cantor e ministro lançou, em 2004, a balada pop “Pela Internet”, que sintetizava esse espírito. A letra da música dizia: “[...] criar minha homepage, fazer meu website, com quantos gigabytes se faz uma jangada, um barco que veleje, que veleje nesse infomar [...]”. Pensar em termos de gigabytes era visionário, pois os poucos bits e bytes de nossas vidas reais espremiam-se em pequenos discos rígidos, em conexões de Internet discadas e um tanto instáveis. No entanto, isso também mudaria com a revolução infraestrutural ocasionada pela privatização das empresas telefônicas estatais, em curso desde 1998, que reconfigurou a infraestrutura comunicacional do país, tirando-nos de uma mo- dernidade obsoleta para, de fato, adentrar o século XXI. Enquanto isso, nos EUA, um Mark Zuckerberg pós-adolescente ensaiava seu algoritmo social desde seu quarto no dormitório de Harvard, Jeff Bezos ainda vendia apenas livros na Amazon, e Elon Musk inventava os primeiros carros elétricos de consumo em massa com a marca Tesla e o sistema de pagamentos PayPal. O furor da Internet 1.0 havia causado a queda da Nasdaq alguns anos antes, e o neoliberalismo parecia ser a solução para tudo até que a crise financeira de 2008 abalou a economia mundial. Nas uni- versidades, éramos embalados por teorias de McLuhan, Castells, Baudrillard e Deleuze, e estávamos todos “em rede”, imaginando metáforas como “rizomas” e “aldeias globais”, fascinados com as “superinfovias” que se abriam aceleradamente. Figura 2 – Esquerda: “Blue Marble”, Nasa, 1972. Direita: Imagem do planeta no aplicativo Google Earth, 2023.

RkJQdWJsaXNoZXIy MjEzNzYz