Plataformas, algoritmos e IA: questões e hipóteses na perspectiva da midiatização

Para não dizer que não falei das nuvens 103 oferecendo um serviço “flexível, confiável, seguro, rápido e privado”, segundo os provedores, visando a eficiência, automatização e racionalização dos dados. Há aqui um truque de linguagem: o ele- mento natural “nuvem” é cooptado enquanto metáfora (Wisnik, 2018) para serviços que, tal como sua contrapartida atmosférica, são onipresentes, mas sempre fisicamente fora de alcance – um elemento que habita um horizonte sempre longínquo e fugidio. O planeta-imagem se torna ainda mais assombroso quando constatamos que a rede planetária de comunicações e dados teve sua maior aceleração nos últimos dez anos (desde meados da década de 2010), com previsões de triplicação até 2030. Nesse período, milhares de data centers surgiram na su- perfície da Terra, dentro de cidades ou em localizações remotas e de segurança máxima (Figura 4). A esmagadora maioria dos data centers está nos EUA (5.375), enquanto a Alemanha pos- sui 522, o Reino Unido, 517, e a China, 448, segundo estatísticas (Statista, 2023a), o que já indica o desequilíbrio do geopoder dessa superinfraestrutura das redes. Figura 4 – Captura de tela do Google Earth mostrando o data center do Facebook próximo à cidade de Luleå, no norte da Suécia. Notar a ausência de nuvens na imagem. Fonte: Google Earth. Os dados processados, no entanto, vêm do planeta in- teiro e crescem exponencialmente, gerando demanda por mais

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