Plataformas, algoritmos e IA: questões e hipóteses na perspectiva da midiatização

Para não dizer que não falei das nuvens 117 Frente a um sistema de governança global incapaz de promover mudanças planetárias, T. J. Demos (2016) observa um florescimento de práticas artísticas que abordam questões am- bientais por meio de formatos alternativos. Essas práticas, críticas à destruição ecológica resultante do extrativismo, propõem modelos criativos que favorecem a sustentabilidade ambiental e estruturas de vida mais igualitárias, explorando campos como artes plásticas, mídias alternativas e movimentos sociais. Jussi Parikka (2016, 2021, 2023) integra essas práticas na arqueolo- gia das mídias, utilizando metodologias que ultrapassam as análises convencionais, formando um campo estético e politicamen- te organizado que demanda uma cartografia descolonizadora para explorar novos modos de mapear territórios tecnológicos. No campo da arte contemporânea, práticas criativas que sintetizam ideias em contato direto com o público oferecem exemplos claros de uma midiatização “terrestre”. Duas sensibilidades distintas ilustram essa imaginação política na prática, envolvendo estratégias de resistência que são ao mesmo tempo investigativas e criativas, mostrando como a arte pode ser um veículo poderoso para reimaginar e transformar nossa relação com a tecnologia e o ambiente. Dentro dos estudos de mídia e comunicação, Jussi Parikka (2016) insere essas práticas no campo da arqueologia das mídias, que, em sua visão, utiliza um conjunto de “conceitos via- jantes” e metodologias que transitam entre estudos de mídia, cinema, história da arte, história da tecnologia e das ciências, ultrapassando o repertório repetido ad nauseam da semiótica e da análise de conteúdo e discurso. As assemblagens resultantes dessas constelações formam um campo estético complexo, que também se organiza politicamente. Para isso, sugiro uma cartografia descolonizadora, que retraça o mapa desses territórios movediços. Uma maneira produtiva de proceder é explorar práticas cartográficas, visualizações e “imagens operativas” (Pa- rikka, 2023), que investigam outros modos de olhar e mapear territórios tecnológicos. Quais tipos de arte ou práticas criativas estão fazendo a diferença? Aqui, oriento-me pelo campo da arte contemporânea, pois é através da síntese de ideias em contato direto com o público que encontro exemplos de uma midiatização “terres-

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