Plataformas, algoritmos e IA: questões e hipóteses na perspectiva da midiatização

Isabel Löfgren 122 da tarefa urgente que temos pela frente. Assim, podemos criar uma Internet Terrestre que privilegie a comunicação e o ser-em- -comum, em vez de aderirmos cegamente ao culto da conecti- vidade, das interações compulsivas e dos relatórios preditivos. Para criar essa Internet terrena, telúrica, é preciso repensar nos- sa relação habitual com as estruturas tecnológicas para que pos- samos produzir novos imaginários sem a sombra da eficiência desenfreada das inteligências artificiais. Se conseguirmos deixar de nos identificar com nos- sos seres-em-plataforma e, em vez disso, resgatar a ciência do comum, poderemos conceber outras formas de ser-no-mundo, cobrando justiça social, ambiental e algorítmica para nos liber- tarmos das nuvens tóxicas, tanto as de dados quanto as reais. E que continuemos caçando nuvens metafóricas, semióticas, reais e imaginárias com nossos próprios algoritmos, com nossa pró- pria inteligência coletiva e meios criativos. Tornemo-nos caboclos lançando flechas com saberes certeiros ao ar, por uma ciên- cia que ainda está por vir. Em vez de realizarmos as profecias de uma Terra explorada pelos “anjos tronchos” e suas nuvens negras, precisamos retomar a montanha, a terra habitada pelos xapuris (Albert e Kopenawa, 2015), expulsar os garimpeiros al- gorítmicos e tentar, ao menos, um buen vivir digital em um pla- neta que não é só imagem. Referências ADAMS, C. We need a fossil free Internet by 2030. Branch Magazine, Climate Action.tech, April, 2022. Disponível em: https://branch.climateaction.tech/issues/issue-3/we- need-a-fossil-free-internet-by-2030/. Acessado em: 29 set. 2023. ALBERT, B.; KOPENAWA, D. A queda do céu. Rio de Janeiro: Com- panhia das Letras, 2015. AMOORE, L. Cloud geographies: Computing, data, sovereignty. Progress in Human Geography, v. 42, n. 1, p. 4-24, 2018. DOI://10.1177/0309132516662147

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