Heike Graf 132 com ela” (Abendzeitung München, 14.1020). A palavra inventada “Kanackische” é um adjetivo baseado no substantivo “Kana- ke”, que é um termo pejorativo em alemão para designar uma pessoa estrangeira de pele escura3, significando “transmissão de Kanake”. Para marcar a reinterpretação, eles escolheram grafar a palavra com conotação negativa “Kanake” como “Kanacke”, o que não altera a pronúncia. Anunciam seu produto da seguinte forma: Kanackische Welle é o podcast sobre identidade na Alemanha, um país de imigração. Duas vezes por mês o foco será cultura pop, racismo, sexua- lidade, esporte, música ou gênero a partir de uma perspectiva pós-migrante. De fácil compreensão e ainda assim valioso! (https://kanackischewelle. podigee.io). Eles descrevem seu podcast como engraçado e divertido, mas ainda capaz de falar sobre identidade de forma inteligente. E aqui es- pecialmente a identidade racial, ou seja, sua ori- gem étnica e cultural e também o seu fenótipo, sua aparência e o que isso faz com você. (https:// kanackischewelle.podigee.io). O tema geral do Kanackische Welle trata de como viver numa sociedade pós-migrante a partir da perspectiva de ser um cidadão alemão com um background étnico não alemão. Trata de experiências pessoais, inclusive aquelas dos convidados, bem como conhecimentos especializados para aprofundar os temas discutidos. A questão do racismo na sociedade é um tema recor- rente: mais da metade dos episódios são sobre este tópico. O público-alvo é a geração jovem, com ou sem origem migrante. Sobre os ouvintes, os apresentadores afirmam: 3 Wog [no original em inglês], segundo o Merriam-Webster Online Dictionary, é um termo tipicamente britânico com significado pejorativo usado para designar uma pessoa estrangeira de pele escura, especialmente se oriunda do Oriente Médio ou Extremo Oriente.
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