Vozes pós-migrantes em tempos de hipervisibilidade 133 Entre os nossos ‘wellis’, como chamamos nossos ou- vintes, estão os bancários de 23 anos de idade, com pais sicilianos, a mãe branca de 35 anos que tem uma criança parda com seu marido tâmil, ou o estu- dante de medicina de origem alemã-turca da classe operária, que não consegue lidar com o esnobismo na universidade (Ohanwe e Aburakia, 2020). 3.1. Quem são os produtores de mídia? Os produtores e principais locutores no podcast são dois jornalistas formados, com experiências na Palestina e Ni- géria. Eles nasceram na Alemanha, são imigrantes de segunda e terceira geração e ambos têm um dos pais de origem palestina. Eles se descrevem como “oriundos de áreas desfavorecidas” (Ohanwe, apud Krone, 2020) e como possuidores de muitas experiências de pertencimento a grupos de pessoas marginaliza- das com origens de migração. Entretanto, isso não os impediu de entrar no ensino superior. Malcolm Ohanwe (nascido em 1993) estudou Letras (Língua e Literatura) e se especializou em jornalismo musical. Marcel Aburakia (nascido em 1995) estudou Jornalismo e se especializou em jornalismo esportivo. Ambos trabalharam para meios de comunicação públicos e privados; Ohanwe, por exemplo, foi correspondente políti- co na Nigéria para o programa em língua inglesa da Deutsche Welle. Aburakia trabalhou como freelancer para diversos ca- nais esportivos e emissoras públicas na cobertura de eventos esportivos. Aburakia agora tem um emprego de 40 h (tempo integral) na emissora pública Deutsche Welle e Ohanwe na em- presa pública alemã ZDF, onde apresenta outro podcast, “Sack Reis”, com foco em raça, religião, feminismo, financiado pela empresa pública SWR. Em outubro de 2020, eles começaram sua própria coluna bissemanal na “Jetzt-Magazin” do jornal diário Süddeutsche Zeitung. Os dois se conheceram durante um estágio na Bayrischer Rundfunk, uma emissora pública. Quanto a trabalhar na mí- dia hegemônica, ambos
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