Plataformas, algoritmos e IA: questões e hipóteses na perspectiva da midiatização

Vozes pós-migrantes em tempos de hipervisibilidade 135 como compartilhá-los com amigos para atrair mais avaliadores e assinantes. Isso resultou em uma “resposta extraordinária”, de acordo com os apresentadores, o que os ajudou a prosseguir. Como Aburakia explica numa entrevista: “Às vezes recebemos de 30 a 40 mensagens por dia, mensagens bem longas, com áu- dio e que são sinceras. Isso foi em parte surpreendente... Se não tivéssemos tanto feedback, poderíamos ter parado, eu acho” (Eisenschink, 2021). Em 2020, eles tiveram cerca de 10 mil ouvin- tes por episódio (Abendzeitung, 14/10/2020). No entanto, as respostas não foram somente de aprovação, mas também de desaprovação. Como Ohanwe observa, “Somos sempre duramente criticados, mas isso mostra, na ver- dade, que as pessoas têm expectativas muito altas em relação a nós. Mas isso também é bom para mostrar aos nossos ouvintes: Não estamos fazendo justiça a eles! Ninguém deveria pensar que somos feministas ou antirracistas perfeitos” (Eisenschink, 2021). Como afirmam, “somos pessoas normais, somos como vocês, e também cometemos erros”. Ohanwe se autoavalia e des- creve seu ponto cego da seguinte maneira: Em um episódio sobre masculinidade, admitida- mente usamos uma linguagem muito violenta. Recebemos muitas respostas de mulheres e gays que se sentiram agredidos. É uma linha tênue. Você não consegue ser sempre gentil; você precisa discutir as coisas honestamente. Mas: apontamos muito para os outros e dizemos: Eles são racistas... Acontece muitas vezes de você admitir a si mes- mo que tem tendências misóginas, preconceitos racistas ou mesmo ódio a si mesmo. Não somos infalíveis, superiores, moralmente melhores (Ei- senschrink, 2021). Todas as formas de respostas são bem-vindas, até mes- mo discordâncias. Eles aceitam as críticas como sinal para mos- trar que estão no mesmo barco e abertos a novos insights. Não há barreiras entre os apresentadores e seus ouvintes; eles falam a mesma língua. Admitem que todas as pessoas, independente- mente de sua origem, têm de aprender a se comunicar numa sociedade culturalmente diversificada.

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