Heike Graf 136 4. Método Partindo deste exemplo, enfoco a comunicação conexa, especialmente a resposta da mídia hegemônica. Através da aná- lise de conteúdo, primeiro, assinalo os tópicos e contribuições dos podcasts, pois eles representam o que, conforme os produtores, pode ser de interesse do público. Os tópicos têm um as- pecto factual, de um lado, e temporal, de outro. Aqui, Luhmann (1995/1984) distingue entre tópicos e contribuições. As contribuições se referem a tópicos, sendo que os tópicos têm uma durabilidade maior do que as contribuições individuais e combi- nam contribuições diferentes num nexo de significado de curto ou longo prazo. Alguns tópicos provocam novas contribuições que se repetem continuamente; outras se esgotam rapidamente. Neste artigo, concentro-me no tópico do racismo na Alemanha (tanto dentro das instituições quanto no dia a dia), por tratar- -se de uma questão recorrente de apresentação de metacrítica social. De maneira franca, questões como hostilidade, discriminação, práticas supremacistas são discutidas visando a desafiar visões preexistentes no tratamento de pessoas com origens ét- nicas distintas. As contribuições a este tópico compõem mais da metade dos episódios. Para explorar a resposta da mídia corporativa, procu- rei artigos, produções de TV, rádio e podcasts que mencionassem o podcast ou os seus produtores junto com o podcast. Com o auxílio do banco de dados Retriever, encontrei 20 artigos en- tre dezembro de 2018 e janeiro de 2022. Com a ajuda do mecanismo de pesquisa Google, encontrei três programas de rádio e TV que faziam referência ao podcast e não somente aos seus apresentadores. 5. O tópico do racismo no podcast O racismo, aqui, é entendido em sentido mais amplo, como uma forma de pensamento e de prática de assinalar as dife- renças étnicas normativamente, isto é, de afirmar a superioridade étnica de determinadas pessoas em detrimento de outras. Trata-se de uma espécie de pensamento hierárquico que determina
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