Plataformas, algoritmos e IA: questões e hipóteses na perspectiva da midiatização

Heike Graf 140 que estão envolvidos com questões ligadas à discriminação, tais como o “privilégio branco” de não ter que “lidar com o racismo”. Para provocar, eles viram o jogo, ao voltar os holofotes para os “ofensores”, os “brancos”, que têm dificuldade em detectar e discutir o racismo. Partem da suposição, com referência ao livro de DiAngelo White Fragility (Fragilidade Branca) (2018), de que o racismo cotidiano é mais invisível para as pessoas brancas devido à sua “supremacia branca” e “negação do racismo estrutural”. Mesmo pessoas brancas bem-intencionadas que afirmam que a cor da pele não deveria ter importância não percebem como isso realmente importa ao evitar esse tópico. Assim, os apresentado- res querem desafiar seus convidados e seus ouvintes brancos e exortá-los a refletir sobre privilégios que se devem à cor de pele branca. As questões que guiam esta conversa estão diretamente ligadas às próprias experiências: “Quando você percebeu pela primeira vez que você é branco? Como lida com seus privilégios? Como pode desenvolver o pensamento crítico sobre seus privi- légios?” Os ouvintes foram convidados a comentar e contar suas histórias no Twitter e no Instagram. Todos os participantes concordam que é necessário re- conhecer as vantagens que os brancos têm ao nascer neste país. Para evitar mais generalizações, um dos apresentadores, Aburakia, inclui a questão da nacionalidade. Para ele, “ser alemão é muito mais do que ser branco. Eu não sou completamente bran- co porque sou árabe, também. Estou no meio”. O racismo não está somente relacionado à aparência e cor da pele, mas tam- bém à proficiência linguística, ao som do prenome e do sobreno- me e ao nível de educação. Como concluem, “o branco é relativo, não é uma cor absoluta”. Partindo de afirmações provocadoras ao atribuir pontos de vista à cor da pele, os apresentadores fi- nalmente abrem-se para mais nuances e afirmam que o racismo não é somente uma questão de cor de pele. 5.1.4. Consciênci : “As afirmações mais flagrantes vêm das crianças turcas” (26.6.2020) Com outras duas convidadas negras, uma delas muçulmana com ascendência turca e africana, os apresentadores dis- cutem o tópico do racismo antinegros entre os imigrantes, espe-

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