Heike Graf 142 5.1.5. Cultura de bullying: “Brancos, fiquem fora desta conversa!” (20.10.2020) Este episódio, intitulado “Negros podem ser racistas em relação aos asiáticos?”, continua as discussões mencionadas anteriormente e parte de um vídeo que circula nas redes sociais em que crianças negras zombam de asiáticos orientais. Como de costume, há convidados: dois deles têm raízes asiáticas e um, africanas; todos trabalham como jornalistas e escritores, além de terem seus próprios podcasts. A discussão enfoca as raízes do racismo antiasiático entre pessoas negras, formas de expressão e o limite entre piadas racistas e engraçadas. O episódio inicia com uma hipótese moral de que os negros deveriam saber melhor por estarem expostos ao racismo e saberem o que significa ser ferido ou magoado. “Todos nós de- veríamos estar do mesmo lado. Mas não existe pensamento com base na solidariedade”. Em vez disso, observam eles, o racismo branco é apropriado e praticado brutalmente por negros. A sim- ples compreensão de vítimas e autores não funciona neste caso, afirmam e H l á es m . uitos exemplos extraídos da cultura pop, por exem- plo, de fetichização das mulheres asiáticas, as quais são tratadas de maneira estereotipada e sexista, o que também está associado ao turismo sexual e aos bordéis. Especialmente durante a pande- mia do coronavírus, o racismo cotidiano contra asiáticos aumentou, e um dos convidados testemunhou: “O dano é diferente se vem de alguém que, de fato, conhece essa realidade”, referindo-se ao significado de ser atacado. Os participantes concordam que não há, neste caso, racismo estrutural, mas, por outro lado, uma prática em que “negros agem como se fossem brancos”. Aqui, to- dos concordam que “a sociedade de maioria branca é a culpada”, uma vez que ela é “o motor que faz tudo funcionar”. Ou, em ou- tras palavras, sustentam que o racismo dos negros em relação aos asiáticos é “o braço estendido da sociedade ocidental”. As pessoas negras não sãomelhores do que a sociedade emque vivem, e, com isso, questionam sua hipótese inicial de que as pessoas marginali- zadas deveriam ter um padrão moral diferente. No entanto, todos os participantes concordam que elas não têm um “passe livre” e atitudes racistas não podem ser toleradas de forma alguma.
RkJQdWJsaXNoZXIy MjEzNzYz