Plataformas, algoritmos e IA: questões e hipóteses na perspectiva da midiatização

Vozes pós-migrantes em tempos de hipervisibilidade 143 No final, os participantes aconselham a audiência quanto a como se comportar e evitar o racismo, mesmo que não te- nham tido essa intenção. O mote para lutar contra o racismo é o seguinte: “Não importa sua intenção, o que importa é se alguém é ferido ou magoado ou não é”. Os apresentadores finalizam e, pedagogicamente, questionam: “O que você aprendeu com isso?” Eles defendem que se aumente a conscientização e se esteja atento aos sentimentos porque podemos magoar as pessoas ao usar estereótipos. “Reflita mais sobre o que você faz e diz!” é a conclu- são deste episódio. Alémdisso, o episódio fornece links para aprofundamento, incluindo matérias jornalísticas sobre essa questão. 5.2. O “como” tratar o tópico O tema do racismo não é novo, mas o ângulo dos es- tereótipos cotidianos e da hierarquização de culturas e tons de pele, bem como os privilégios dos brancos, raramente são discutidos na mídia hegemônica. Para ser ouvido para além de sua própria comunidade e participar da esfera pública midiatizada mais ampla, o indivíduo precisa se adaptar às lógicas das mídias, como destacar-se de alguma forma e se relacionar com as nar- rativas dos meios de comunicação estabelecidos (p. ex., Galtung & Ruge, 1965). Curiosamente, neste podcast, a distinção bem estabelecida e criticada da mídia hegemônica, ou seja, o binário do “nós” (os nativos) e “eles” (os outros), é invertida, ao tornar “nós” em outros e “eles” em nativos. As diferenças abordadas entre imigrantes e nativos são tratadas com humor e/ou serieda- de, o que atrai principalmente os ouvintes jovens. As contribuições a este tópico vêm de um ângulo de interesse humano, em que as experiências pessoais e os senti- mentos são manifestados e tidos como dignos de importância e reconhecimento. As experiências pessoais estão quase ligadas ao que se percebe como o problema real, que é visto como o racismo estrutural dentro de instituições da sociedade alemã. Deste modo, a mídia tradicional é frequentemente culpada por deixar de abordar esta questão de maneira justa. Contudo, os preconceitos individuais, especialmente os de dentro da própria comunidade e grupo de pessoas de cor, também são analisados de maneira autocrítica no seguinte sentido: não somos apenas

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