Heike Graf 146 um podcast sobre isso, sua perspectiva é extrema- mente popular (Krone, 2020). Já que os apresentadores tratam de questões sociais candentes com habilidade, que é demandada por outras mídias, a emissora enfatiza a importância do podcast e de seus apresentadores. As respostas ao programa por parte da mídia hegemô- nica são positivas. Um formato usual é o de entrevistar os apresentadores. Partindo do conteúdo do podcast, o entrevistador faz perguntas sobre as experiências da infância deles como pessoas de cor e/ ou provenientes de origens culturais diferentes. Os produtores explicam suas identidades plurais e contam histórias da escola, onde vivenciaram atitudes racistas. Com isso, a cobertura midiá- tica enfatiza a relevância do podcast, ou seja, abordar o racismo na vida cotidiana (Abendzeitung München, 14.10.2020). Um dos apresentadores é descrito como uma “voz relevante” para o tópico do antirracismo e até mesmo como uma voz “autêntica” no cenário midiático alemão (Eisenschink, 2021). É notável que o tópico do racismo seja abordado, e um dos apresentadores, que é negro, recebe mais atenção porque pode se referir à sua própria experiência e, portanto, é autêntico, o que os meios de comunicação consideram que vale mais a pena noticiar. A cober- tura midiática é frequentemente personalizada ao focar nos produtores, seus objetivos e sua biografia. Quanto mais marcantes forem as experiências, tanto melhor. Contudo, outros tópicos do podcast, como as questões de gênero, música e esportes, que não fornecem nenhuma ligação direta aos produtores, são deixados de lado pela mídia hegemônica. A cobertura midiática que não se concentra primordialmente nos apresentadores e no podcast, mas trata de assun- tos discutidos no programa, é rara. Há a questão da mudança de prenome e sobrenome com a finalidade de se enquadrar (e também por outras razões), que é coberta num jornal ou pro- grama de rádio. Como o episódio explica, esta não é uma questão relacionada somente aos imigrantes, mas também aos residentes locais, pois o processo de alteração de nomes é mais restrito para os locais, o que os apresentadores chamam de discrimina- ção. A matéria jornalística segue esta argumentação e exige um
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