Vozes pós-migrantes em tempos de hipervisibilidade 147 processo mais fácil para todas as pessoas, fazendo referência ao respectivo episódio do Kanackische Welle: “No podcast Kanackische Welle, Malcolm Ohanwe e Marcel Aburakia conversaram com jovens que alteraram seus nomes no dia a dia para evitar situações embaraçosas” (Koohestani, 2019). Então, são dados exemplos a partir do podcast para explicar a situação destes ho- mens. O programa de rádio também usa histórias pessoais tira- das do episódio e, por exemplo, conta novamente a história de uma das convidadas: Ela sofreu muito por causa de seu nome, especialmente na escola, conta Vanessa no podcast Kanackische Welle. Colegas e professores não con- seguiam pronunciá-lo e tinham zombado dele. Ela não queria mais passar por isso (Döbbelt, 2020). Aqui, o podcast serve como uma fonte rica em exem- plos e marca a relevância da questão de alterar procedimentos burocráticos e legais. Assim, a ânsia da mídia de personalizar questões complexas pode ser satisfeita facilmente. Ouvir o podcast pode oferecer outras histórias. Da mesma forma, há mais ar- tigos e programas que usam a riqueza das histórias contadas no podcast sem se referirem a ele. Contudo, isso é difícil de detectar. Como os produtores demonstraram, principalmente no seu podcast, que são especialistas no campo da xenofobia e do racismo na sociedade, foram entrevistados sobre estas ques- tões em jornais e também convidados a participar de programas de entrevista (talk shows). Por exemplo, Ohanwe dá uma entre- vista sobre o assassinato de uma criança. Embora se saiba pouco sobre o autor do crime, os imigrantes foram imediatamente considerados culpados por políticos de direita, e pediu-se a Ohanwe que comentasse sobre isso. Explicando a existência do racismo na sociedade, ele conclui: “Precisamos pensar sobre o que significa viver em uma sociedade multicultural” (Fiedler, 2019), o que é uma força motriz para continuar a produzir novos episó- dios. Em outro exemplo, Ohanwe, juntamente com outra mulher de cor, é entrevistado sobre as vantagens dos brancos e ele enfa- tiza: “Como jornalista negro, constantemente pede-se que você exponha sua negritude. Você é dissecado e se torna um objeto.
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