Pedro Gilberto Gomes 156 comunicação. Os processos midiáticos se tornaram referência para as pessoas na interpretação dos fatos sociais. O desenvolvimento da informática e a disseminação da Internet vieram trazer um novo estágio para a humanidade (tão importante quanto a invenção da escrita). Um outro salto quân- tico. Se bem que, ainda, muitas pessoas e instituições permane- cessem no marco de uma sociedade dos meios, estava lançada a sua superação para uma sociedade em midiatização. Com a rápida evolução das redes digitais e a aceleração tecnológica, uma outra ambiência dava seus primeiros passos. Empresas e instituições criaram suas plataformas, e suas rela- ções coma sociedade passarama ser norteadas pelos algoritmos. Estudos em profusão perfilam-se nos Programas de Pós-Graduação em Informática, Educação e Comunicação. Mui- tos deles ainda se enquadram no marco de uma sociedade dos meios, mas grande parte está desbravando o território de uma ambiência, fruto do processo de midiatização. Fiéis ao desenrolar histórico, os processos midiáticos tomam um perfil distinto. Os meios estão sendo superados em suas lógicas, não mais são utilizados como um instrumento num contexto de sociedade dos meios (cf. Gomes, 2022). Para dar conta da realidade nascente, voltando às origens, vamos tomar a concretude da ação das Igrejas na sua pro- posta de anúncio religioso. A pergunta radical é: como se dão as transformações dos discursos religiosos resultantes dos efeitos da algoritmização sobre suas práticas? Os algoritmos são a gran- de esfinge que desafia a humanidade, colocando-lhe um enigma de cuja resolução depende o seu futuro. Aurélie Jean (Jean, 2019) descreveu a sua experiência como pesquisadora com os algoritmos como uma imersão para o outro lado da máquina. Para ela, foi a viagem de uma cientista ao país dos algoritmos. Afirma que isso evocava alguma coisa muito pessoal. “Como não pensar em Lewis Carroll e em ‘Alice no país das maravilhas’? Aos 36 anos, ainda não estou certa de saber o que mais me aprazia, quando criança, à leitura desse li- vro (e de sua continuação, ‘Do outro lado do espelho’). Sem dúvi- da, a doença de Alice era a curiosidade, na qual eu me encontrava. Quantas vezes eu já ouvi essa frase: a curiosidade é uma má culpa?” (Jean, 2019, p. 19).
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