Plataformas, algoritmos e IA: questões e hipóteses na perspectiva da midiatização

Pedro Gilberto Gomes 158 mem/máquina e comunicação máquina/máquina. O primeiro tipo está bem desenvolvido desde os finais dos anos 1990 e iní- cios dos anos 2000. Os e-mails substituíram as cartas autógrafas. As pessoas desaprenderam a escrever textos e cartas manuscritas. A instantaneidade dos e-mails venceu. Por que depender do correio, se podemos falar diretamente com as pessoas, estejam onde estiverem? Vence-se a barreira espaço/tempo. Qualquer vila ou povoado no interior da Amazônia ou no deserto do Saa- ra, se contar com acesso aos satélites, é tão cosmopolita quanto São Paulo, Londres ou Nova Iorque. O mundo torna-se uma Aldeia Global (McLuhan, 1967). As máquinas transformam-se em extensões do homem (McLuhan, 1967), meios de aproximação e convívio. No segundo tipo, a máquina deixa de ser um dispositi- vo de comunicação para se tornar um parceiro no diálogo. Rea- gindo à voz e aos comandos das pessoas, as máquinas realizam tarefas corriqueiras que, antes, demandavam tempo e aborre- cimento. Dentro da realidade virtual, tornam-se interlocutores dos seres humanos. As empresas, bancos principalmente, criam assistentes digitais para atender seus clientes. Exemplo mais primário são as secretárias eletrônicas. Muitas vezes, as pessoas se irritam quando ligam para o setor de reclamações de uma empresa e são atendidas por uma secretária eletrônica que as faz ir de Seca a Meca antes de possibilitar o contato com outro ser humano. A terceiramodalidade está nos seus inícios, tendo como horizonte a chamada inteligência artificial. Vários ensaios estão sendo levados a cabo, explorando elementos da IA. O Metaverso está dando os seus primeiros passos, e realizam-se experiências com elementos parciais. Ele é um universo comandado pelos algoritmo A s ideia é emancipar as máquinas, permitindo ou criando condições para que interajam entre si, sem o concurso hu- mano. A questão crucial é determinar se a máquina é capaz de aprender. Mais ainda, se ela, ao aprender, sabe que aprende. Nesse contexto, onde fica o ser humano? Estará ele abdicando de seu protagonismo universal? Qual é o seu futuro? Essa outra ambiência, que chamamos de midiatização, atingirá seu apogeu com ou sem o ser humano?

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