Circulação: da zona de passagem à ambiência de interpenetrações de sentidos 175 Essas mutações estariam relacionadas a padrões interacionais caracterizados por “enlaces horizontais”, nos quais to- dos se comunicariam uns com os outros. Convém, contudo, ob- servar que essa é uma proposição problemática. Sabemos que a atividade jornalística, ao ser deslocada para o mundo das redes, vai sendo regulada pela presença de neogatekeepers, muitos dos quais são personagens distantes da natureza e do domínio desse ofício. Lembremos que a ambiência da midiatização, ao ser cons- tituída por uma diversidade de ofícios, fluxos, lógicas e culturas, gera operações tecnodiscursivas que transformam singularidades e identidades de práticas sociais diversas, especialmente aquelas que se estruturavam em torno de lógicas e operações mediacionais. Nesse sentido, a noção da circulação enquanto “zona morta” (ou ignorada) vem sendo renomeada por designações formuladas, sobretudo, pela cultura das redes. Entretanto, argumentações correlatas, elaboradas a partir das teorias da complexidade, apontam para pistas que destacam a circulação como região problemática nos âmbitos de práticas diversas, em termos pessoais e sociais. São argumentações que tam- bém nos ajudam a compreender perspectivas que examinam as transformações da circulação na paisagem da midiatização em proce V s a s l o o . rizamos, assim, elaborações conceituais sobre problemáticas que dizem respeito à organização e ao funcionamento dos (novos) sistemas de produção, circulação e recepção de discursos. Tomamos como referência investigações que se apoiam em perspectivas teóricas e metodológicas que refletem as complexas interpenetrações e acoplamentos entre práticas discursivas de diferentes sistemas. O exame de algumas de suas manifestações é descrito nesta reflexão, com o objetivo de compreender os trajetos de pesquisa sobre a circulação na ambiência da midiatização jornalística e neles avançar. Destacamos, para tanto, a centralidade da circulação enquanto conceito, a partir de sua relação direta com a midiatização, suas manifestações no decorrer do século XX e, principalmente, ao longo das primeiras décadas do século XXI.
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