Circulação: da zona de passagem à ambiência de interpenetrações de sentidos 177 des de experimentações que favorecem certa convivência entre velhas e novas mídias, bem como a adaptação das primeiras e sua vocação mediadora aos processos tecnocomunicacionais emergentes. Trata-se, no momento, de uma fase peculiar da midiatização, que enseja um amplo e complexo universo observa- cional do qual se ocupa a pesquisa acadêmica. Esta se esforça para identificar e descrever suas operações, bem como lançar hipóteses e projeções sobre suas manifestações levadas adiante. Vale lembrar que a midiatização gera transformações profundas em processos de práticas socioinstitucionais diversas. Essas mutações são dinamizadas por tecnologias comuni- cacionais em expansão e complexificação, repercutindo sobre a natureza e o funcionamento da atividade comunicacional – até então, centrada na referência mediadora dos mass media. E uma das principais consequências dessas mutações é precisamente a transformação das práticas mediacionais. Estas se distanciam de fundamentos representacionais e dão lugar à multiplicidade de experimentações suscitadas por redes, geran- do outras formas de intercâmbios e novas matrizes de produção de sentid N os a . “sociedade dos meios”, as práticas institucionais to- mavam como fundamentos as políticas e ideologias, enquanto condições de construção discursiva de vínculos com o tecido social mais amplo. Mas, na “sociedade em midiatização”, as tec- nologias transformadas em meios enfraquecem a especificidade da matriz mediacional. Uma nova matriz identitária se apresen- ta como portadora de possibilidades de interação outras entre instituições e coletivos – sem intermediários –, resultando em novas situações de intercambialidade. Em consequência, as tec- nologias de comunicação e suas incidências sobre as práticas sociais repercutem sobre o modo de ser da própria organização social (Gomes, 2017). Outra consequência das mutações comunicacionais que envolve a transformação das tecnologias em novas práticas de interação é a adaptação das “instituições das democracias industriais às mídias, tornando essas últimas intermediárias incontornáveis da gestão do social” (Verón, 2004, p. 278). Contudo, devem ser considerados também os efeitos dessas condi-
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