Jairo Ferreira 18 ** As inferências acima indicam transformações dos pro- cessos socioantropológicos correlacionadas aos processos mi- diáticos, abordando os fenômenos das plataformas e algoritmos. Nestes livros, não há referência ao termo inteligência artificial. Ao retomar as plataformas, algoritmos e inteligência artificial como tema, o VI Seminário Midiatização buscou novas inferências aproximativas em relação aos fenômenos que se desenha- vam com a inteligência artificial: as que se referem às relações entre o fenômeno (práticas sociais e discursos sobre essas práticas, de atores e instituições) e as abordagens epistemológicas sugeridas, em especial, sobre o que há de comunicacional nis- so, considerando-o como uma mutação nos processos midiáticos e se essa mutação demanda novas epistemes na linhagem de pesquisa Midiatização e Processos Sociais, diferenciando deslocamentos epistemológicos e metodológicos sugeridos pelas vertentes do “Norte” e do “Sul” para a compreensão dessas mutações E . ste livro é uma mostra de interlocuções entre o Sul e o Norte nas pesquisas em midiatização, amadurecidas nestes seis seminários. Indicam avanços no sentido da consciência de um ponto de diferenciação e conexão entre epistemologias. Sem pretensões à exaustão, destacamos eixos de aproximações e diferenciação. Uma das zonas de diferenciação é a midiatização na perspectiva da circulação e semiose social, fundada por Eliseo Verón. Não há referências fortes às teorias dos signos nas pers- pectivas do Norte. Essa ausência pode ser observada na corrente institucionalista (em que Stig Hjarvard é um pesquisador de re- ferência internacional) e nas correntes socioconstrutivistas (por exemplo, Couldry & Hepp, 2020). As correntes do Norte, quando abordam o fenômeno da linguagem, referem-se ao discurso de forma genérica, numa abordagem muitas vezes anterior às teo- rias do discurso, às semióticas ou até mesmo à semiologia estruturalista. Já a questão da circulação (forte nas correntes do Sul) aparece, nos textos de pesquisadores do Norte, de forma mais genérica, sem a problematização intensa e complexa observada nas correntes do Sul (Fausto Neto, Ana Paula da Rosa, Viviane Borelli, Mario Carlón e Jairo Ferreira), incluindo a relação entre
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