Plataformas, algoritmos e IA: questões e hipóteses na perspectiva da midiatização

Circulação: da zona de passagem à ambiência de interpenetrações de sentidos 183 xificação da diferença entre produtores e receptores, apontando o que viria a ser a materialização de uma “arquitetura” de descontinuidades entre os sistemas de produção e recepção de mensagen A s. não linearidade nas relações entre instituições midiáticas e atores sociais reside no fato de que a natureza dos feedbacks produzidos resulta das diferenças de gramáticas e lógi- cas que lhes são inerentes. Essa não convergência de condições para gerar sentidos faz com que as mídias percam a centralidade do seu trabalho mediacional e, em consequência, as possibilida- des de controle sobre os discursos proferidos pelos receptores. Isso resultaria numa nova ambiência, na qual o processo de produção de sentidos seria tecido através de “zonas de pregnâncias” (Fausto Neto, 2010a). A particularidade destas repousaria na dinâmica de interações no funcionamento da circulação. Em vez de ensejar apenas operações transmissionais da instância emissora, a circulação seria o locus no qual operações discursivas de diferentes instâncias se coafetariam segundo interfaces, e cujos sentidos produzidos não poderiam ser previs- tos – tampouco controlados – a priori. Assim, o trabalho de produção de sentidos ocorreria segundo dinâmicas em que os discursos da emissão e recepção estabeleceriam contatos, mas a partir das diferenças que os ca- racterizariam. Eles se coafetariam através de operações significantes, que exteriorizariam e sinalizariam marcas enunciativas referentes às suas respectivas condições de produção. Em ou- tras palavras, operações produzidas pelos sistemas de produção e recepção de mensagens se afetariam reciprocamente, mas segundo intercambialidades fundadas nas diferenças de seus processos produtivos e lógicas, geradoras de descontinuidades e não linearidades. Além de ser um marco dessas transformações, a inter- rupção da fala transversal do ombudsman desencadeia outras possibilidades que acentuam a singularidade da circulação. Ela é transformada em um operador que repercute, segundo situa- ções diversas, nas estruturas mediacionais jornalísticas. Estas, por sua vez, são atravessadas por lógicas da midiatização que roubam a singularidade jornalística da produção da noticiabili- dade. Até então o nicho mediacional de produção de sentidos, o

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