Plataformas, algoritmos e IA: questões e hipóteses na perspectiva da midiatização

Viviane Borelli 202 2. Midiatização, circulação, plataformas, dados... e suas incidências em nossas pesquisas Como explicitado, o artigo centra-se na necessidade de discussão sobre o fazer pesquisa a partir do relato de ex- perimentações metodológicas no âmbito de investigações que tensionem as processualidades da midiatização e da circulação. Assim, defendo que as materialidades capturadas nas distintas plataformas não podem apenas ser descritas, mas sim devem ser compreendidas como complexidades emmeio à infinita produção de sentidos. As pesquisas desenvolvidas têm se inspirado no para- digma indiciário que foi desenvolvido por Ginzburg (1989) e é problematizado por Braga (2008) no âmbito da Comunicação. Ambos os autores defendem a necessidade de atentar para os detalhes, os pormenores e, a partir da identificação de alguns índices, a possibilidade de sistematizar pistas e fazer inferências. Ao observar marcas e índices em distintas materialida- des discursivas que constituem o complexo tecido social – pois, como lembra Verón (1996; 2004; 2013), é a partir de materiali- dades significantes que o analista consegue trabalhar –, nota-se uma transformação substancial dos processos interacionais. As infinitas semioses produzidas pelos distintos atores sociais são compreendidas como matérias significantes que circulam em distintas plataformas digitais. Nas sociedades em midiatização, emergem e se cons- tituem coletivos que se organizam social e comunicacional- mente por atividades de produção de sentidos. A partir de diálogo com a perspectiva de Luhmann, em Semiose Social 2, Eliseo Verón propõe pensarmos na interpenetração entre sis- temas sociais, a construção de coletivos e sistemas socioindividuais. E lança a questão que se coloca para nós pesquisadores: “o objetivo é articular um nível com o outro, é dizer, encontrar relações sistemáticas (mesmo que não forem lineares) entre fenômenos midiáticos e suas ressonâncias em reconhecimen- to” (Verón, 2013, p. 430). As reflexões feitas nas investigações se alinham também com proposição de Fausto Neto (2018) acerca da consti-

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