A problematização teórico-metodológica nas pesquisas de circulação e plataformas 203 tuição de diversas modalidades de contato e processos interacionais. Para ele, a circulação deixa de ser vista como um lugar de passagem que não deixaria traços visíveis de seus modos de funcionamento, pois, “a despeito de suas ‘lógicas imateriais’, a internet ganha uma determinada corporeidade na medida em que já se transforma, segundo prognósticos, em um novo grande campo de batalha (Verón, 2014) instituído por práticas discursivas que para ela se deslocam” (Fausto Neto, 2018, p. 27). Dessa maneira, o foco das pesquisas realizadas e orien- tadas tem sido estudar complexidades nas quais a circulação não é mais vista como um lugar de passagem, mas sim como um fe- nômeno que precisa ser analisado, e, para tal, é possível identifi- car e extrair pistas nas mais distintas materialidades discursivas. Tais processualidades complexas afetam e transformam nossas relações sociais, processos comunicacionais e também o nosso trabalho de investigação, como já problematizado em momentos anteriores (Borelli e Dias, 2018; Romero e Borelli, 2021). Braga (2017) defende que há fluxos comunicacionais de forma contínua e dispersa. Para ele, o produto midiático representa uma materialidade importante nos processos comuni- cacionais, mas não se trata, necessariamente, de um ponto de partida ou chegada. O produto que circula “[...] é antes um caracterizador dos elementos de saída e de entrada que relacio- nam dispositivos interacionais no circuito” (Braga, 2017, p. 53). Assim, o produto é mais um momento integrante de complexos circuitos e possibilita, no caso de materialidades significantes como textos, a captura de dados para que sejam observados, analisados e interpretados. Assim, as sociedades em midiatização nos desafiam a pensar em mecanismos interpretativos que deem conta de mapearmos e extrairmos pistas das transformações sociais, culturais, institucionais. Essas materialidades discursivas – dispersas em distintas temporalidades e espacialidades, como das plataformas – podem se converter em dados a serem manejados em pesquisas acadêmicas que tratem de problemáticas comunicacionais. Hepp e Couldry (2020) escrevem que a história da midiatização no decorrer dos últimos seis séculos pode ser entendida por meio de três ondas sucessivas e sobrepostas: a
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