A problematização teórico-metodológica nas pesquisas de circulação e plataformas 205 (Da Silveira, 2019) e pré-formatadas para distintos interesses, sejam de ordem econômica, política ou ideológica. Ao problematizar a complexidade das atividades de circulação, que reconfiguram estratégias das ofertas e heterogeneidades nas formas de apropriação, Fausto Neto (2018, p. 23) pontua que é necessário um árduo trabalho de empiria, “investi- do de muitos e novos protocolos investigativos”. Nessas processualidades, um dos desafios apontados pelo autor diz respeito à observação sobre a atividade de produção de sentidos que se funda em vínculos construídos em “contextos de extrema complexidade” (Fausto Neto, 2018, p. 23). Esse trabalho de empiria exige dedicação, inventivida- de e experimentação. Com acesso a bancos de dados e a corpus pré-organizados, talvez seja mais fácil optar por algo “pronto”. Pode-se fazer uma extração de dados mais estruturada e siste- mática, como, por exemplo, eleger uma hashtag (#) em vez de organizar um tipo de coleta que demande cruzamento de infor- mações, investigação em mais de uma plataforma e em distintos formatos. Entretanto, essa prática retira o trabalho de construção teórico-metodológica do pesquisador, que precisa ser guia- do por uma questão de pesquisa. Concorda-se com Grohmann (2019) quando reflete sobre a necessidade de melhor interpretação e crítica dos dados coletados atentando para os contextos de circulação. A grande quantidade de dados, muitas vezes, faz com que fiquemos presos a processos meramente descritivos. Para ir além da des- crição, “é possível trabalhar com unidades menores de dados, de forma a serem devidamente contextualizados” (Grohmann, 2019, p. 160). As pesquisas de caráter mais micro não nos impedem de fazer inferências de ordem mais geral. Assim, a seguir, detalham-se dois casos estudados nos últimos anos no que tange à coleta, ao tratamento de dados e à interpretação de materialida- des discursivas que buscam transversalidades entre metodologias de caráter tanto qualitativo quanto quantitativo. O primeiro exemplo é sobre uma pesquisa coletiva que tratou da circulação de informações sobre a pandemia no Underground, como Carlón (2021) nomeia esse terceiro sistema midiático.
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