Plataformas, algoritmos e IA: questões e hipóteses na perspectiva da midiatização

À imagem e semelhança: máquina, homem e imaginários em circulação 225 presa em trilhas que não levaram aos resultados prometidos. O verdadeiro avanço ocorreu quan- do os engenheiros desistiram da ideia de tentar modelar a inteligência humana e suas funções, e em vez disso direcionaram seus esforços para a criação de máquinas que pudessem “ensinar” a si mesmas por meio de algoritmos que processavam estaticamente enormes e crescentes quantidades de dados (Ruin, 2022, p. 30; tradução da autora). A fantasia dos filmes e a das cenas anteriormente men- cionadas, para Ruin, não foram reduzidas com a intensificação das lógicas de midiatização em nossa vida, ao contrário, são cada vez mais intensificadas, mantendo-se, de um lado, o tom ameaçador e, de outro, apologético. “Muitas pessoas se ligam em torno dessas fantasias, movidas por incentivos financeiros e que extraem o seu fascínio de noções estéticas e teológicas arraiga- das na consciência coletiva” (2022, p. 34). O autor vai além ao considerar que o caminho para escapar dessa visão mistificada da tecnologia é compreendê-la “por uma perspectiva humanista e holística, que também considere as questões de justiça, agên- cia e objetivos gerais da vida” (Ruin, 2022, p. 44). Assim, este trabalho tenta pensar, a partir da provoca- ção temática proposta pelo V Seminário Internacional de Pesqui- sas em Midiatização e Processos Sociais e pelos apontamentos feitos por Hans Ruin, a relação máquina, homem e imaginários em circulação, considerando a ambiência da midiatização. Isto porque as relações do homem com a máquina vêm ocupando o imaginário social desde muito tempo. De um lado, a necessidade cada vez mais frequente do convívio com aparatos e máquinas que nos convocam a experimentar outras relações. De outro, um imaginário midiático fortemente abastecido pelo medo do des- conhecido, pela ideia distópica de que as máquinas serão tão ou mais humanas do que os seres humanos em um futuro distante, capazes de sentir, viver, substituir. Considerando a midiatização como um processo de longo percurso, isto é, não demarcado pe- los aparatos e pela simples dimensão tecnológica dos dispositivos, este trabalho busca tensionar a) a relação entre a máquina e sua dimensão material, b) o homem e sua dimensão imaginativa,

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