Ana Paula da Rosa 226 inventiva e sensível e c) o atravessamento entre a máquina e o homem em um jogo complexo de produção de sentido. É impor- tante destacar que nosso objetivo não é levantar um debate di- cotômico ou dualista entre a máquina e o homem, mas refletir sobre a indissociabilidade desses dois elementos, ainda mais em ummomento de aceleração dos processos midiáticos, fortemen- te afetados por lógicas de midiatização (Braga, 2015). Isso, portanto, nos traz à tona uma primeira provocação: como a comuni- cação constitui elo entre máquina (aparato) e homem? E o que isso diz sobre nós e sobre a própria midiatização em processo? 3. A midiatização profunda, hipermidiatização: do que estamos falando? A palavra midiatização vem cada vez mais imersa em tensões. Do mesmo modo que outros conceitos, como globali- zação, vai sendo apropriada. Para alguns somente sinônimo de estar na mídia e de sua influência, para outros chave heurística para se compreender o momento atual da sociedade. As di- ferenças de perspectiva não são problemas, o desafio é lidar com o conceito sem que ele perca sua identidade e sua força. E isso não está ligado somente à naturalização de abordagens, mas também àquilo para o que Verón já chamava a atenção em 1997 sobre os neologismos e o que agregam aos processos em curso. Por exemplo, no fim dos anos 90, Eliseo Verón (1997, p. 09) questionava o que era a hipermidiatização, termo que teria sido abordado em conferência em Paris. “La hipermediatización resultaría de los múltiplos medios, los programas hipertextuales y la explosión provocada por esta suerte de hipertexto planeta- rio que es la internet. El calificativo de hiper aludiría entonces no solo a una ‘vuelta de terca’ más en el proceso de mediatiza- ción.” No entanto, o autor considerava que essa ideia de um in- tensificador da midiatização, sua forma hiper, apenas colocava o conceito no rol dos operadores semânticos, a exemplo de outros termos como a globalização e, também, podemos sinalizar ago- ra, a plataformização. Naquele texto, Verón explicita o risco de que os termos se esvaziem, não porque percam a força enquanto processo,
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