Plataformas, algoritmos e IA: questões e hipóteses na perspectiva da midiatização

À imagem e semelhança: máquina, homem e imaginários em circulação 229 and artificial intelligence become crucial to our understanding of the social world” (Hepp, 2020, p. 7). Em nossa visão, tanto a ideia de hipermidiatização como a de midiatização profunda são interessantes, pois apontam para a necessidade de novas e mais chaves de leitura para entender este fenômeno em processo. Porém, considerando que a midiatização está em processo, portanto, cada vez mais intensa, em que medida a agregação de expressões como o hiper ou o deep serão suficientes? Que novos termos serão necessários num futuro próximo? O argumento aqui é que tanto a sociedade como a academia terão de lidar, cada vez mais, com processos complexos, típicos do imaginado, mas que demandarão diferen- tes abordagens. O risco do neologismo apresentado por Verón lá em 1997 não era porque a palavra é um risco, mas porque podemos pensar se o fenômeno é outro ou se estamos somente diante de seu desenvolvimento. Assim, será que estamos falando de uma outra midiatização ou se trata do mesmo processo? A pergunta é simples, mas a resposta não. Muitas vezes as teorias e as palavras não são suficientes para demarcar a especificidade, sem perder o conjunto. Novas palavras, metáforas, parecem ser necessárias não para tirar a força do conceito central, mas na tentativa de operá-lo. Porém, neste esforço, muitas vezes o conceito parece ficar datado, como se o hiper, o digital ou o com- plemento deep passassem agora a se referir a outra coisa. Isso provoca a pensar: o que abarca a midiatização enquanto processo? E por que é tão difícil caracterizar, evidenciar um fenômeno de que somos tão parte, no qual estamos tão imersos? O ponto talvez seja a dificuldade de encontrar palavras e conceitos que expliquem aquilo que nos escapa, em especial na midiatização em que o fluxo é marca. Neste sentido, essa discussão entre hipermidiatização, midiatização profunda e outras formas que venham a surgir nada mais é do que tentativas de observar a midiatização em sua processualidade, e, em nossa ótica, assim como os imaginários da relação homem-máquina se transformam, mas duram no tempo, entendemos que a midiatização em si já abarca no- vas formas, já contempla as que nem imaginamos. Isto porque, por ser um processo socioantropológico, acompanha o desen- volvimento do homem; por isso, a ideia de estágios, a de ondas,

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