Plataformas, algoritmos e IA: questões e hipóteses na perspectiva da midiatização

À imagem e semelhança: máquina, homem e imaginários em circulação 233 naquilo que a máquina tece de e sobre mim. Para alguns o vanguardista, para outros à frente de seu tempo ou ainda o 100% fiel (Figura 03). A máquina me analisa, me define e me imagina; me imagina como um sujeito, com tal perfil, que tem determinado comportamento. Ao fazer isso, a máquina me estimula a par- tilhar a imagem criada de mim com outros, desperta curiosidade e mais consumo. A transparência da máquina e do programa, tão companheira no meu dia a dia, cede lugar. O meu autorretrato musical me faz pensar sobre meu comportamento em 2022. Obviamente não posso esquecer do que o programa, em minha máquina, diz: “Já chega de 2022, vamos falar de TI” (Figura 04). Seria de mim ou da TI – Tecnologia da Informação? O trocadi- lho não poderia ser melhor. É interessante perceber que a retrospectiva do Spotify não se limita a me informar, como foi em 2021, a minha lista de músicas mais tocadas. Em 2022, a partir também do aprendizado e da evolução da máquina, ela passa a me oferecer uma visão de mim, meu estilo, meu comportamen- to, meus sentimentos. Embora não me permita estabelecer uma conversação direta, a retrospectiva me convoca a interagir. Figura 03 – A máquina me imagina. Print da tela com o perfil do usuário na retrospectiva elaborada pelo Spotify

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